Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Seleção do Irã se recusa a cantar o hino na estreia da Copa

Antes do Mundial, muitos iranianos acusaram a equipe de se aliar à elite dominante

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Parisa Hafezi
Dubai (Emirados Árabes Unidos) | Reuters

A seleção iraniana se recusou a cantar o hino nacional antes da partida de abertura contra a Inglaterra, na estreia das duas equipes na Copa do Mundo, nesta segunda (21).

Nas últimas semanas, o Irã tem enfrentado uma onda de protestos, os maiores no país em anos, o que tem abalado o regime do aiatolá Ali Khamenei.

Jogadores do Irã durante a execução do hino do país no jogo contra a Inglaterra, em Doha
Jogadores do Irã durante a execução do hino do país no jogo contra a Inglaterra, em Doha - Fadel Senna/AFP

Os atos começaram após a morte da jovem Mahsa Amini, que foi detida pela polícia moral, e constituem o maior movimento de rua contra o regime nos últimos anos. Os protestos inicialmente eram contrários à exigência do uso de véu pelas mulheres, regra imposta por Khomeini, mas deram origem a um movimento mais amplo pelo fim da República Islâmica.

Muitos torcedores acusaram o time de se aliar a uma violenta repressão do estado contra a agitação popular.

Dezenas de figuras públicas, atletas e artistas iranianos demonstraram solidariedade com os manifestantes —mas não com a seleção nacional de futebol, até a partida desta segunda-feira, quando todos os membros da equipe permaneceram em silêncio quando o hino nacional foi tocado.

A televisão estatal iraniana não mostrou os jogadores alinhados para o hino antes do início da partida no Catar, do outro lado do Golfo de sua terra natal.

Antes da partida, nenhum jogador iraniano expressou apoio às manifestações de compatriotas de todas as esferas, um dos desafios mais constantes à elite clerical desde a Revolução Islâmica de 1979.

No passado, o time de futebol iraniano era uma fonte de orgulho nacional em todo o país. Agora, com protestos em massa, muitos prefeririam que ela fosse retirada da Copa do Mundo.

Antes de viajar para Doha, a equipe se encontrou com o presidente iraniano Ebrahim Raisi. Fotos dos jogadores com Raisi, um deles se curvando, tornaram-se virais enquanto a agitação nas ruas aumentava, gerando protestos nas redes sociais.

"Tenho sentimentos mistos. Adoro futebol, mas com todas essas crianças, mulheres e homens mortos no Irã, acho que a seleção não deveria jogar", disse a estudante universitária Elmira, 24, falando por telefone de Teerã antes da partida.

"Não é o time do Irã, é o time da República Islâmica.

"Eles poderiam se recusar a participar da Copa do Mundo ou até mesmo se recusar a jogar se fossem forçados a ir, para mostrar que fazem parte da nação, para mostrar solidariedade às mães no Irã cujos filhos foram mortos pelo regime."

A agência de notícias ativista Hrana disse que 410 manifestantes foram mortos nos distúrbios até sábado (19), incluindo 58 menores. Cerca de 54 membros das forças de segurança também foram mortos, informou a agência, com pelo menos 17.251 pessoas presas. As autoridades não forneceram uma estimativa de uma contagem mais ampla de mortes.

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