Vídeos mostram iranianos ateando fogo à casa do aiatolá Khomeini

Residência onde nasceu fundador da República Islâmica funciona como museu; agência semioficial nega incêndio

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Paris | AFP

Ativistas iranianos afirmam ter incendiado a casa onde nasceu o fundador da República Islâmica no país, aiatolá Ruhollah Khomeini, e vídeos publicados nas redes sociais nesta sexta-feira (18) mostram uma multidão passando e gritando em frente à edificação em chamas.

A casa, que foi transformada em um museu memorial, fica na cidade de Khomein, de onde vem seu sobrenome, situada ao sul da capital, Teerã.

Cena de um vídeo postado nas redes sociais no dia 17 de novembro de 2022 mostra o que seriam manifestantes iranianos incendiando a casa onde nasceu o fundador da República Islâmica, aiatolá Khomeini, na cidade de Khomein - ESN/AFP

A agência de notícias francesa AFP afirma ter verificado de forma independente a veracidade dos vídeos. A Reuters informou ter confirmado a localização de duas dessas gravações, mas não conseguiu verificar as datas em que foram filmadas. A rede de ativistas 1500Tasvir afirma que o incidente ocorreu na noite desta quinta-feira (17).

A agência de notícias semioficial iraniana Tasnim, no entanto, negou que a casa de Khomeini tenha sido incendiada, dizendo que um pequeno número de pessoas se reuniu do lado de fora do local. "Os relatos são uma mentira", escreveu. "As portas da casa do falecido fundador da grande revolução estão abertas ao público."

Khomeini foi um ferrenho opositor do xá Mohamed Reza Pahlevi e teve de partir para o exílio na França, de onde voltou, triunfante, em 1979, para liderar a Revolução Islâmica. Ele morreu em 1989 e atualmente seu sucessor, o aiatolá Ali Khamenei, está sob intensa pressão de protestos em todo o país que pedem o fim do regime clerical linha-dura.

Os atos começaram após a morte da jovem Mahsa Amini, que foi detida pela polícia moral, e constituem o maior movimento de rua contra o regime nos últimos anos. Os protestos inicialmente eram contrários à exigência do uso de véu pelas mulheres, regra imposta por Khomeini, mas deram origem a um movimento mais amplo pelo fim da República Islâmica.

Nesta sexta, vídeos postados pela organização Tasvir mostravam manifestantes na província do Sistão-Baluchistão gritando "Morte a Khamenei". Em uma das cidades, Chabahar, eles teriam removido e pisoteado a placa de uma avenida com o nome do fundador da República.

A agência Tasnim relatou atos pró-governo na cidade de Mashhad, no nordeste do país, onde dois membros da milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, foram mortos no dia anterior, em confrontos com manifestantes.

A mídia estatal disse que as autoridades realizaram uma cerimônia fúnebre para sete pessoas em Izeh, no sudoeste do país, no que descreveu como um ato terrorista.

Mas vídeos publicados nas redes sociais mostram a mãe de uma das vítimas, um menino de dez anos, culpando as forças de segurança pelo assassinato. Um vídeo postado nas redes sociais, supostamente do funeral da criança, mostrou manifestantes gritando "Khamenei, vamos enterrá-lo". A Reuters não pôde verificar de forma independente a autenticidade desses vídeos.

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