Técnico do Qatar quer blindar time na Copa para defender marcas de anfitriões

Félix Sánchez afirma que críticas têm o objetivo de desestabilizar o país-sede

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Doha

Da sua primeira partida internacional, em 1970, até a estreia em uma Copa do Mundo, neste domingo (20), o Qatar passou mais de cinco décadas tentando incorporar o futebol à cultura do país.

Quase sempre apostou em imigrantes para isso, semelhante ao que a nação rica em petróleo e gás natural faz para o desenvolvimento de sua economia.

Nos últimos 12 anos, fez o mesmo para a construção de toda a infraestrutura para receber o Mundial, incluindo os estádios, num processo cercado de acusações de desrespeito aos direitos humanos.

O técnico do Qatar, o espanhol Félix Sánchez, observa em Doha movimentação de jogadores em treinamento da seleção anfitriã da Copa do Mundo de 2022
O técnico do Qatar, o espanhol Félix Sánchez, observa em Doha treinamento da seleção anfitriã da Copa do Mundo - Karim Jaafar - 16.nov.2022/AFP

Não é de estranhar, portanto, que à beira do gramado do estádio Al Bayt, na partida inaugural do torneio, diante do Equador, às 13h (de Brasília), um estrangeiro, o espanhol Félix Sánchez, seja o encarregado de dirigir a seleção qatariana em sua estreia em Copas.

O treinador trabalhou na base do Barcelona até 2006, quando o governo do Qatar o contratou para comandar um centro de formação de atletas. Em 2017, ele assumiu a equipe principal, já iniciando o planejamento para este Mundial.

Em junho passado, todos os atletas que estavam nos planos de Sánchez para a Copa foram retirados de seus clubes e começaram a preparação em tempo integral.

Sob o comando dele, o primeiro anfitrião estreante em uma Copa do Mundo desde a Itália, em 1934, tem um recorde para proteger, já que nenhum país-sede jamais perdeu na estreia.

Uma forma de manter essa invencibilidade é fazer gols e evitar repetir o que aconteceu com o México, em 1970, na última vez em que um anfitrião não balançou as redes na abertura. Na ocasião, os mexicanos empataram por 0 a 0 com a União Soviética.

O atacante Akram Afif, uma das esperanças de gols para o anfitrião Qatar no Mundial deste ano, controla a bola com a cabeça em treinamento da equipe em Doha
O atacante Akram Afif, uma das esperanças de gols para o anfitrião Qatar no Mundial deste ano, treina em Doha - Karim Jaafar - 17.nov.2022/AFP

A maior esperança ofensiva da torcida está nos pés do atacante Akram Afif, 25. Rápido e driblador, ele teve passagens por Villarreal e Sporting Gijón (ambos da Espanha) e hoje está no Al Sadd, do Qatar.

Os qatarianos têm, ainda, uma missão mais difícil. A de tentar avançar ao mata-mata para não repetir a campanha da África do Sul, em 2010, único país-sede que caiu ainda na primeira fase.

O treinador espanhol diz que esses objetivos o ajudam a manter o foco no futebol, a despeito de ter que se posicionar sobre todas as polêmicas que cercam a realização do torneio no país.

Para ele, aliás, há um "esforço para desestabilizar" o país. "A melhor coisa que você pode fazer como time ou jogador de futebol é manter a calma e evitar rumores ou barulho ao seu redor. Obviamente não gostamos que critiquem nosso país, mas em termos de futebol tivemos uma ótima preparação."

Com a mão direita aberta encostada no lado direito da face, Félix Sánchez, treinador da seleção do Qatar, olha para a frente durante entrevista a jornalistas, em Doha, na véspera da estreia na Copa do Mundo, contra o Equador
Félix Sánchez, treinador da seleção do Qatar, durante entrevista a jornalistas, em Doha, na véspera da estreia na Copa, contra o Equador - Karim Jaafar - 19.nov.2022/AFP

Sánchez também ficou incomodado neste sábado (19) ao ser questionado sobre um suposto esquema apontado pelo jornal inglês Daily Mail, segundo o qual jogadores do Equador estariam sendo subornados para perder a partida contra os qatarianos.

O Equador perdeu apenas 1 das últimas 15 partidas. Foram cinco vitórias e nove empates. A equipe sul-americana está em sua quarta Copa do Mundo. Classificou-se também para as edições de 2002, 2006 e 2014. A melhor campanha foi há 16 anos, na Alemanha, quando chegou às oitavas de final.

"Há muita desinformação", disse o técnico. "A internet é uma ótima ferramenta, mas também é muito perigosa. Ninguém poderá nos desestabilizar com essas declarações. Não somos afetados em nada. Estamos muito felizes por jogar uma Copa do Mundo. Estamos focados em fazer nosso melhor jogo e não levaremos mais nada em consideração."

O Qatar está em 50º lugar no ranking da Fifa e nunca havia se classificado para o Mundial, embora seja o atual campeão da Copa da Ásia e tenha chegado às semifinais da Copa Ouro da Concacaf de 2021, quando foi convidado.

"Se tivéssemos participado das eliminatórias desta vez, teríamos nos classificado", afirmou o capitão Hassan al-Haydos, o jogador com mais partidas pelo Qatar, com 169 jogos.

"Esta edição é para todos os árabes, e nós temos responsabilidade por todos os árabes. São quatro esquadrões árabes participando e desejo boa sorte a todos."

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