Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Torcedores do Corinthians desfazem bloqueios e tomam faixas a caminho do Rio

Alvinegros desobstruem avenidas e estradas ocupadas por manifestantes golpistas

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São Paulo

A caminho do Rio de Janeiro para a partida contra o Flamengo, na noite de quarta (2), pelo Campeonato Brasileiro, torcedores do Corinthians romperam vários bloqueios estabelecidos por manifestantes golpistas, que contestam as eleições presidenciais realizadas no último domingo (30). Eles divulgaram vídeos de múltiplas desobstruções realizadas no trajeto até o Maracanã.

A primeira ocorreu ainda na noite de terça (1º), quando as caravanas se organizavam para partir na madrugada. Havia na marginal Tietê, na altura da ponte das Bandeiras, uma barreira montada por eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os alvinegros chegaram, como mostram as imagens, e os carros dos manifestantes saíram.

Foram retiradas, então, as faixas que haviam sido colocadas pelos bolsonaristas na grade da ponte. Em um dos vídeos da ação, um torcedor vibra com o fato de um manifestante ter ficado com tanto medo que deixou sua moto para trás, com a chave na ignição. A chave, então, é entregue a um policial.

Imagem mostra um grupo de pessoas com uma faixa onde está escrito Somos Democracia
Torcedores estendem faixa após dispersão de bloqueio na marginal Tietê - Somos Democracia

"É importante dizer que não foi uma ação isolada. Nos últimos anos, tivemos uma expansão de consciência uma maior participação da rapaziada nos processos políticos. Hoje, compreendemos que é importante demonstrar que há gente disposta a defender a vontade que a maioria do povo expressou nas urnas", afirmou Danilo Pássaro.

Ele se apresenta como porta-voz do grupo Somos Democracia, que estendeu suas faixas no lugar das que antes estavam expostas. "A grande verdade é que gostaríamos mesmo que as instituições do Estado estivessem funcionando. Esse deveria ser o papel das forças de segurança pública. Se fosse a gente trancando via, a resposta seria outra."

Parte do grupo é também integrante da organizada Gaviões da Fiel, que surgiu no contexto do combate à ditadura militar, em 1969, e tem um histórico de lutas pela democracia. Na última quarta-feira, na área que ela ocupa no estádio de Itaquera, foi aberta uma bandeira com o rosto do então candidato do PT –que já foi enredo do carnaval da torcida– e a frase "Lula presidente".

Parte dos associados não gostou e reclamou com a direção, que divulgou uma nota dizendo que não apoiava nenhum dos candidatos e que as manifestações na arquibancada "foram espontâneas". Ainda que boa parte da uniformizada tenha um lado claro, os dirigentes preferem que as ações não sejam vistas como institucionais.

De qualquer maneira, cancelar as caravanas ao Rio de Janeiro nunca esteve sob cogitação. "Sem a Fiel o Corinthians não joga. E a gente estará no Maracanã", avisava um dos dirigentes, antes da partida dos ônibus. Também partiram pela rodovia Dutra veículos de outras das organizadas alvinegras, como a Camisa 12, a Estopim da Fiel e a Pavilhão Nove.

Os corintianos realizaram outra dispersão em Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo. "Pode ficar na via do lado de lá. Aqui, nós já tiramos. Não vai fazer bagunça, não. É os bolsominion do lado de lá. Agora, vamos todo o mundo embora na paz, mas fechar a rodovia não", diz um torcedor.

Também há imagens de um bloqueio furado pelos torcedores na Dutra, na altura de Jacareí. Os vídeos são semelhantes aos exibidos por membros da Galoucura, do Atlético Mineiro, que na última terça viajaram a São Paulo para acompanhar a partida contra o São Paulo, no Morumbi. Houve registros similares de outras torcidas, como a Império Alviverde, do Coritiba.

"Mano, que país é esse? A polícia cruza os braços, e torcida organizada que tem que resolver a parada", observou o cantor Marcelo D2.

Os bloqueios nas rodovias brasileiras começaram na segunda-feira (31), dia seguinte à vitória de Lula sobre Bolsonaro nas urnas. Os manifestantes contestam o resultado e pregam um golpe. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), havia na tarde de quarta-feira obstruções em 17 estados.

As mobilizações continuam mesmo depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter estabelecido multas e ameaçado prender o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, por "omissão e inércia". O Supremo intimou governadores e cobrou o uso da Polícia Militar, inclusive em rodovias federais, para normalizar o fluxo, que já prejudica o abastecimento de supermercados e postos de gasolina.

Jair Bolsonaro, em seu único (e breve) pronunciamento desde a eleição, na terça, cumpriu o protocolo pedindo "manifestações pacíficas", mas apontou que "os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral". Na prática, seus aliados têm estimulado ativamente o caos nas estradas.

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