Descrição de chapéu Folhajus

'Por risco de fuga', Justiça nega recurso, e Daniel Alves seguirá preso na Espanha

Lateral brasileiro está detido desde o fim de janeiro por suspeita de estupro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Justiça de Barcelona (Espanha) negou um recurso da defesa de Daniel Alves e decidiu nesta terça-feira (21) manter a prisão preventiva do jogador brasileiro enquanto ele aguarda julgamento no país. O argumento para a decisão foi o "alto risco de fuga", informou a agência AFP.

O lateral de 39 anos é suspeito de ter estuprado uma jovem de 23 anos na área VIP de uma boate de Barcelona, no dia 31 de dezembro do ano passado. O atleta está preso há um mês, desde 20 de janeiro, no centro penitenciário Brians, na região metropolitana da capital da Catalunha.

O lateral brasileiro Daniel Alves
O lateral brasileiro Daniel Alves, em treino da seleção brasileira; jogador está preso há cinco meses - Lucas Figueiredo - 20.jul.21/CBF

Em entrevista à Folha no domingo (19), o advogado Cristóbal Martell Pérez-Alcalde, responsável pela defesa de Daniel Alves na Espanha, disse acreditar que o cliente poderia ser colocado em liberdade após o recurso apresentado.

O advogado admitiu, porém, que o caso do também brasileiro Robinho poderia dificultar esse pedido de liberdade. Isso porque o atacante vive livre no Brasil, apesar de ter sido condenado na Itália por estupro de uma jovem em uma boate de Milão, em 2013.

"Claro, não nos ajuda. O Brasil, como tantos outros países, também a Espanha, não entrega seus cidadãos [...] O fato de a Itália, até hoje, não ter tido sucesso no cumprimento da sentença de Robinho não ajuda a liberdade provisória de Daniel Alves. Mas isso não pode ser um argumento definitivo. Isso não significa um espaço de impunidade", afirmou o advogado.

A situação de Robinho, de fato, foi utilizada como argumento pela advogada da autora da denúncia contra Daniel Alves, de acordo com a AFP.

O tribunal de Barcelona considerou que "existe um alto risco de fuga, devido à elevada pena que pode ser aplicada no presente caso, aos graves indícios de criminalidade contra o suspeito e à capacidade econômica que lhe permitiria deixar a Espanha a qualquer momento".

A pena prevista para crimes de agressão sexual no país europeu chega a 12 anos de detenção.

No recurso, Pérez-Alcalde sugeria o uso de uma pulseira eletrônica, além da entrega do passaporte do brasileiro e a estipulação de uma fiança elevada, como garantias de que Daniel Alves poderia aguardar o julgamento em liberdade sem a intenção de fugir do país europeu.

Na avaliação dos magistrados, porém, essas medidas não seriam suficientes para impedir o jogador de ultrapassar as fronteiras "por via aérea, marítima, ou mesmo terrestre, sem documentação".

Além disso, se Daniel Alves chegasse ao Brasil, "não seria entregue nem por ordem internacional de prisão ou extradição", acrescentou o tribunal, reforçando o entendimento de que o país não extradita seus cidadãos.

Tampouco a imposição de uma fiança cara serviria como impedimento para o jogador, já que "ele possui um grande patrimônio", diz a decisão.

Sobre o uso de um dispositivo eletrônico para monitorar os passos do lateral, o tribunal considerou que o equipamento "não visa geolocalizar a pessoa que o instalou, mas sim proteger a vítima e impedir que uma ordem de distanciamento seja descumprida".

Na entrevista à Folha, Pérez-Alcalde questionou a acusação, alegando que a vítima não apresentava lesões vaginais. Ele disse que Daniel Alves é inocente e que houve sexo consentido com a autora da acusação.

Desde a prisão, o jogador mudou suas versões algumas vezes. No início, afirmou que não conhecia a vítima; depois, que houve sexo oral consentido. Por fim, o advogado disse que o lateral reconheceu ter havido penetração no ato, mantendo a alegação de que ela aconteceu de forma consensual.

"Daniel Alves deu um passo à frente e foi voluntariamente depor. Neste momento, ele tinha apenas uma obsessão, que era preservar seu casamento. Isso resultou em sua primeira versão [...] Diante de certas provas, acabou admitindo, mas sempre afirmando que houve o caráter voluntário da parceira [...] Isso não foi modificado desde então", afirmou Pérez-Alcalde.

As contradições e mudanças de versões foram citadas pela juíza Maria Concepción Canton Martín para determinar a prisão preventiva sem fiança durante as investigações.

Daniel Alves foi preso durante uma viagem a Barcelona motivada pela morte da morte da mãe da modelo espanhola Joana Sanz, com quem o jogador é casado desde 2017.

A polícia já havia coletado o depoimento da jovem que acusa o jogador e de pessoas que estavam na boate, e aproveitou a presença dele no país para pedir esclarecimentos, que resultaram nas contradições identificadas pela juíza.

Recordista de títulos no futebol mundial, com 43 troféus levantados, Daniel Alves viveu o melhor momento da carreira vestindo a camisa do Barcelona, entre 2008 e 2016.

Após nova passagem pelo clube catalão entre novembro de 2021 e junho de 2022, o lateral não teve o contrato renovado e acertou com o Pumas, do México. Com a acusação de estupro, o clube mexicano rescindiu o contrato do jogador por justa causa.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.