Libra muda proposta por liga de clubes brasileiros para buscar união

Grupo que reúne os clubes de maior torcida se reuniu em São Paulo nesta terça-feira (28)

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São Paulo

A Libra se aproximou das demandas da LFF (Liga Forte Futebol) na tentativa de chegar a um consenso para a liga de clubes no Brasil. Em assembleia realizada nesta terça-feira (28), na sede da FPF (Federação Paulista de Futebol), as equipes decidiram fazer mudanças na divisão do dinheiro a ser gerado pelo Campeonato Brasileiro a partir de 2025.

O grupo aceita colocar um limite máximo de 3,4 vezes para a diferença entre o time de maior e menor arrecadação. Também mudou o critério de engajamento (um dos itens de remuneração) para levar em consideração apenas a audiência média dos jogos.

São duas reivindicações feitas pela LFF e que, no entender dos cartolas da Libra, emperravam as negociações.

Depois de um período de transição de cinco anos, se chegaria também à fórmula 45-30-25, sendo 45% dos recursos repartidos em partes iguais, 30% pela classificação no campeonato e 25% pela média de audiência.

Câmera de transmissão de TV durante partida do Corinthians na Neo Química Arena
Câmera de transmissão de TV durante partida do Corinthians na Neo Química Arena - Eduardo Anizelli/Folhapress

Antes desta terça, estes 25% seriam determinados por equação que consideraria uma pesquisa de torcida, pay-per-view, redes sociais e público nos estádios. Segundo presidentes de clubes da LFF, são dados que podem ser manipulados.

Até o momento, o projeto de uma liga administrada pelas equipes está dividido em dois blocos. A Libra reúne 18 clubes que atualmente disputam as séries A ou B. Estão nesta entidade os de maior torcida no país: Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo. A LFF engloba outros 26 das três principais divisões.

"São mais argumentos para outros clubes aderirem à Libra. Vamos voltar a discutir para chegar bem perto do que anseia a LFF", disse a presidente do Palmeiras, Leila Pereira.

Em novas discussões, os mandatários também prometem debater outra reivindicação do Furte Futebol: retirar a necessidade de uma votação unânime para alteração no estatuto da Libra. Leila Pereira disse ser contra o item e apoia a alteração.

"É uma oportunidade que talvez não teremos outra igual", concordou o presidente do São Paulo, Julio Casares.

As duas partes já têm investidores comprometidos a aportar dinheiro na liga a partir de 2025. Até 2024, os direitos de transmissão pertencem ao Grupo Globo. A Libra fechou acordo com a Mubadala, fundo dos Emirados Árabes, que colocaria R$ 4,8 bilhões nas duas principais divisões. A LFF fechou com a norte-americana Serengetti Asset Management por R$ 4,85 milhões.

Mas as duas empresas se comprometem a pagar tal quantia apenas se o acordo englobar os 40 times que compõem as séries A e B.

Além de divergências pessoais e antipatias entre os dirigentes, existe o componente de que um grupo não confia no que o outro diz. A LFF desconfia das promessas da Libra que não estão escritas no estatuto. Segundo Casares, a distribuição do dinheiro e a questão das 3,4 vezes dependeriam "do mercado". Estaria atrelado ao valor arrecadado para os times.

A LFF quer a divisão garantida em qualquer circunstância.

Para a Libra, o contrato do Forte Futebol com a Seregentti deve ser visto com desconfiança porque teria várias cláusulas não vinculantes. O fundo estaria obrigado a investir apenas de acordo com certas circunstâncias. O LFF descarta essa afirmação.

Uma próxima disputa pode acontecer quanto ao dinheiro a ser recebido por cada agremiação durante os cinco anos de transição. A LFF não aceita que o status quo seja mantido nesse período. Flamengo e Corinthians são os que mais arrecadam pelo serviço de pay-per-view, por exemplo.

A Libra propõe que entre 2025 e 2029 nenhum clube receba menos do que o valor previsto para 2024. Entre eles, a garantia mínima de pay-per-view. Os mesmos Flamengo e Corinthians, em 2024, podem embolsar R$ 200 milhões.

A LFF concorda com a não redução de ganhos durante esses anos de transição, mas quer excluir da conta a performance passada e a garantia mínima de pay-per-view.

"Eu acredito que a gente consiga colocar todo mundo debaixo do mesmo guarda-chuva", define o presidente do Grêmio, Alberto Guerra.

Ele é um dos cartolas de uma comissão da Libra que vai negociar com a LFF. Ele não descarta nem mesmo uma composição entre os dois investidores, algo que não é bem visto por outros presidentes.

Caso não haja acordo até 2024, a maior probabilidade é que existam dois blocos de negociação de direitos de TV, sem uma emissora com os direitos para todas as partidas.

VEJA OS 18 CLUBES QUE FAZEM PARTE DA LIBRA:

Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.

VEJA OS 26 CLUBES QUE FAZEM PARTE DA LFF:

ABC (RN), Athletico, Atlético Mineiro, América-MG, Atlético Goianiense, Avaí (SC), Brusque (SC), Chapecoense (SC), Coritiba (PR), Ceará, Criciúma (SC), CRB (AL), CSA (AL), Cuiabá (MT), Figueirense (SC), Fluminense (RJ), Fortaleza (CE), Goiás (GO), Internacional (RS), Juventude (RS), Londrina (PR), Náutico (PE), Operário (PR), Sport (PE), Vila Nova (GO) e Tombense.

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