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Cuca é contratado pelo Corinthians e luta para conquistar torcedores

Treinador substitui Fernando Lázaro e enfrenta rejeição de parte da torcida em tentativa de acertar um time que vem mal

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São Paulo

O Corinthians acertou a contratação do técnico Cuca, 59, até o final da temporada. O clube anunciou o acordo na tarde de quinta-feira (20), minutos depois de ter divulgado que Fernando Lázaro, 41, deixaria o comando do time, mas permaneceria na comissão executando a função de auxiliar.

Lázaro não resistiu a uma sequência de más atuações, a última delas na derrota por 1 a 0 para o Argentinos Juniors, em Itaquera, na quarta, na Copa Libertadores. A direção decidiu trocá-lo por um profissional mais experiente, que chega com o desafio de ajeitar a equipe e superar forte rejeição de parte considerável da torcida.

Tem acompanhado Cuca um caso ocorrido em 1987, quando ele era jogador do Grêmio e foi detido na Suíça por violência sexual contra pessoa vulnerável. Julgado e condenado, ele não chegou a cumprir a pena, mas o episódio voltou à tona nos últimos anos e vem provocando rejeição. O ex-atleta diz que "jamais" tocou "uma mulher indevidamente ou inadequadamente".

Cuca é o novo treinador do Corinthians - Washington Alves - 27.out.22/Reuters

Logo que a notícia da contratação do Corinthians foi divulgada, grupos feministas e torcedores diversos recordaram a situação e protestaram. O mesmo havia ocorrido quando o treinador acertou com as agremiações anteriores em que trabalhou. Na internet, repetiu-se à exaustão a construção "Respeita as Minas", mote de campanha do próprio Corinthians.

Há 36 anos, além do então meia Cuca, foram detidos em hotel de Berna o goleiro Eduardo, o zagueiro Henrique (que teria longa passagem pelo Corinthians) e o atacante Fernando, sob a acusação de violência contra uma adolescente de 13 anos. Diz Cuca que a vítima não o identificou como um dos seus agressores.

Após cerca de um mês, concluída a fase de instrução do processo, os jogadores pagaram fiança e foram liberados. Dois anos depois, foram condenados. No caso de Cuca, que ficou no Brasil, a pena de 15 meses de detenção não foi cumprida porque o crime prescreveu. Ele encerrou sua carreira de atleta, virou um treinador vitorioso e, mais recentemente, viu o caso ressurgir com maior força, na esteira de transformações na sociedade e do crescimento de movimentos feministas.

"Não fui julgado e culpado. Fui julgado à revelia, não estava mais no Grêmio quando houve esse julgamento com os outros rapazes. É uma coisa de que eu tenho uma lembrança muito vaga, até porque não houve nada. Não houve estupro como falam, como dizem as coisas. Houve uma condenação por ter uma menor adentrado o quarto. Simplesmente isso. Não houve abuso sexual, tentativa de abuso ou coisa assim", disse ao UOL em 2021.

"Esse episódio de 1987 precisa ser explicado. Eu estava no Grêmio havia duas ou três semanas apenas, não conhecia ninguém. Eu jamais toquei numa mulher indevidamente ou inadequadamente. Sou um cara de cabeça e consciência tranquila. Tenho a consciência tranquila", acrescentou o técnico.

Apesar das tentativas de esclarecimento, a reação foi forte. A rejeição de parte da torcida do Corinthians é ligada também à identificação do paranaense com o arquirrival. Cuca vestiu a camisa do Palmeiras como jogador, declarou diversas vezes ser torcedor alviverde e foi campeão brasileiro de 2016 comandando a equipe da zona oeste paulistana.

Cuca tem identificação com o arquirrival do Corinthians - Karime Xavier - 9.dez.16/Folhapress

Essa rejeição, ao menos em um primeiro momento, não atingiu a principal torcida organizada alvinegra. A Gaviões da Fiel exigiu a queda de Fernando Lázaro e esteve em contato com o presidente do clube, Duilio Monteiro Alves –embora estivesse ocupada também com polêmica por ter recebido em sua quadra show de MC Pipokinha no dia em que o time perdeu em Itaquera.

De qualquer maneira, a relação com os torcedores não será o único desafio de Cuca, que herda um elenco desequilibrado e envelhecido. Na derrota para o Argentinos Juniors, por exemplo, a linha defensiva formada por Fagner, Gil, Balbuena e Fábio Santos tinha média de idade de 34 anos. E isso nem inclui o goleiro Cássio, 35.

Fazer um time com essa defesa ser agressivo na marcação foi um dos problemas encontrados por Lázaro, que se viu em apuros depois de ter perdido outro jogador experiente, o meia Renato Augusto, 35, machucado há duas semanas. As más atuações se sucederam, e o Corinthians resolveu mudar bastante o rumo.

Lázaro estreava como treinador, após anos trabalhando como analista de desempenho e auxiliar. Cuca roda por grandes clubes do Brasil –com uma passagem pela China– desde 2003, quando chamou a atenção no Goiás. Tem no currículo, entre outras taças, uma da Copa Libertadores (2013), duas do Brasileiro (2016 e 2021) e uma da Copa do Brasil (2021).

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