Os clubes de futebol da Premier League, o Campeonato Inglês, serão obrigados a eliminar gradualmente da parte frontal dos uniformes os patrocínios de casas de apostas até o final da temporada 2025/26. A decisão foi tomada após pressão do governo do Reino Unido, que está revendo os regulamentos desse tipo de serviço.

Os clubes terão permissão para obter novos patrocínios de sites de apostas até que a proibição entre em vigor.

O público global da liga é atraente para empresas desse tipo e outros patrocinadores que buscam vender produtos em âmbito internacional. Ao todo, oito dos 20 clubes têm patrocínios de apostas na frente dos uniformes, na maioria operadoras que desejam atrair mercados na Ásia –onde as regras sobre apostas em sites estrangeiros são indefinidas.

Entre os clubes estão o West Ham, que é patrocinado pela Betway, o Everton, que tem como parceiro o site de apostas criptográficas Stake.com, e o Bournemouth e o Newcastle, que exibem a marca das operadoras de jogo offshore filipinas Dafabet e Fun88, respectivamente.

A Premier League disse que os acordos de patrocínio de camisas foram avaliados em 60 milhões de libras (R$ 367 milhões) por ano.

Não haverá proibição para acordos que mostrem as marcas de operadoras nas mangas das camisas. E os anúncios de apostas permanecerão visíveis nos painéis laterais dos campos, apesar dos apelos de ativistas por apostas mais seguras.

A liga também disse que está trabalhando com outros esportes no desenvolvimento de um novo código para o patrocínio "responsável".

O governo deve publicar dentro de semanas uma esperada revisão de sua lei de apostas, de 2005. Espera-se que o estudo proponha uma taxa estatutária sobre algumas empresas de apostas para financiar iniciativas de saúde pública e adotar limites de participação nas apostas.

A revisão faz parte de uma reforma mais ampla das leis que foram criadas antes do lançamento do primeiro smartphone e do surgimento de aplicativos, que colocam uma casa de apostas virtual no bolso dos torcedores e aumentam o volume de jogos feitos.

Lucy Frazer, secretária de Cultura, saudou o anúncio da Premier League dizendo: "A grande maioria dos adultos joga com segurança, mas temos que reconhecer que os jogadores de futebol são modelos que têm enorme influência sobre os jovens".

Ministros toparam não banir o patrocínio de empresas de apostas com a condição de que os clubes voluntariamente tirassem as marcas da frente de seus uniformes. Segundo Frazer, o governo quer trabalhar com a liga "para fazer a coisa certa para os jovens torcedores".

"Embora este resultado não seja perfeito, é um grande passo", disse James Grimes, fundador do The Big Step, campanha que visa acabar com o patrocínio de firmas de apostas no futebol.

Grimes disse que o anúncio foi "uma aceitação significativa do dano causado pelo patrocínio das casas de apostas", mas acrescentou que "apenas mover os logotipos para uma parte diferente do uniforme e permitir que a publicidade na lateral do campo e o patrocínio da liga continuem é totalmente incoerente".

Matt Zarb-Cousin, diretor da Clean Up Gambling, disse que a mudança foi apenas uma "pequena concessão". "É uma confissão de que a visibilidade desses patrocinadores está afetando as pessoas com problemas de jogo e as crianças, mas eles estão fazendo o mínimo necessário", afirmou.

Ed Craven, fundador da empresa de apostas Stake.com, disse que, apesar de a mudança ser esperada "há algum tempo", "é uma pena, de qualquer modo", que sua marca tenha de ser removida da frente do uniforme do Everton.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves