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Lula diz que combate de Vinicius Junior contra racismo deve servir como lição

Presidente enviou vídeo para Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes da ONU

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (30) que o racismo é transcendental e novamente condenou a violência sofrida pelo jogador de futebol brasileiro Vinicius Junior.

Lula ainda exaltou a postura de Vinicius Junior e disse que, se ele se insurgiu contra os seus agressores, então todos podem e devem fazer mais para combater a discriminação.

"O racismo transcende fronteiras, como ficou demonstrado nas constantes ofensas ao jogador de futebol brasileiro Vinicius Junior. A lição que podemos tirar desses imperdoáveis episódios é que se, Vini Junior, um jovem de 22 anos, é capaz de se insurgir contra multidões hostis, não resta dúvida de que podemos e devemos fazer mais para interromper esse circuito desanimador de violência", afirmou o presidente, em sessão de fórum da ONU.

O presidente Lula durante entrevista no Palácio do Planalto - Gabriela Biló - 29 mai. 2023/Folhapress

No dia 21, o atacante Vinicius Junior, do Real Madrid, foi expulso depois de confusão iniciada após insultos racistas proferidos contra ele por torcedores do Valencia. As equipes se enfrentavam no estádio Mestalla, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol —o time da capital foi derrotado por 1 a 0.

Imagens mostram o momento em que o jogador da seleção brasileira encara torcedores da equipe mandante próximos à linha de fundo. A situação provocou uma aglomeração entre atletas dos dois times e a partida foi interrompida por alguns instantes. Apenas o brasileiro foi expulso, com interferência do VAR (árbitro assistente de vídeo).

O caso gerou grande reação em todo o mundo. A sua expulsão foi revertida e autoridades espanholas iniciaram ações para combater os ataques racistas no país.

A mensagem do presidente estava em um pequeno vídeo que foi transmitido na 2ª sessão do Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes, da ONU (Organização das Nações Unidas).

O Brasil está sendo representado no evento pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A ministra, no entanto, levou a mensagem em vídeo do presidente. Lula então sugeriu que uma próxima sessão do Fórum seja realizada no Brasil.

"Mais do que nunca, esse Fórum é fundamental para avançar na declaração das Nações Unidas sobre o direito dos Afrodescendentes. A delegação brasileira sob a liderança da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reitera seu compromisso com a bandeira da igualdade racial no âmbito interno e internacional, deixando portas abertas para a realização da sessão do Fórum no Brasil", afirmou o presidente.

"Com a participação de cada uma e de cada um de vocês nessa luta, estou certo de que vamos virar o jogo conta o racismo", completou.

A Câmara dos Deputados também discutiu o caso de racismo contra Vinicius Junior em uma comissão geral nesta terça. O objetivo do evento era debater ações e soluções para as agressões contra o jogador brasileiro.

A embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios, foi convidada a participar, mas comunicou à Câmara na véspera que não poderia acompanhar a cerimônia.

A comissão foi aberta com a leitura de um texto assinado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "Ao ver um conterrâneo ser cruelmente ofendido, é inevitável que muitos de nós nos perguntemos se seríamos alvos de tratamento semelhante. Tal sentimento macula o histórico de relações bilaterais amigáveis entre Brasil e Espanha", dizia o texto, lido pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

O assessor especial do Ministério do Esporte Diogo Silva, atleta olímpico de taekwondo e medalhista dos Jogos Pan-Americanos, disse que treinou em cidades da Espanha e também sofreu com o racismo no país.

"Se a Espanha não é uma democracia, que pode receber atletas de diversos países, a Espanha não pode organizar eventos esportivos, porque nós, atletas, que nos direcionamos para outros países, não podemos correr risco de vida", disse Silva.

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