Pia elogia Marta, mas não assegura craque entre titulares do Brasil na Copa

Treinadora da seleção vê jogadora como 'rainha' e 'ícone', porém 'mais velha' e 'nem tão rápida'

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São Paulo

Pia Sundhage fez uma pausa antes de anunciar o último nome da lista de jogadoras do Brasil convocadas para a Copa do Mundo. "And Marta, Orlando Pride", anunciou a treinadora sueca, confirmando que o maior nome da história do futebol feminino do país estará em um Mundial pela sexta vez.

Ela só não disse se a atacante de 37 anos será titular no torneio, no próximo mês, na Austrália e na Nova Zelândia. A craque vem de uma lesão séria no joelho esquerdo. E, em seu período de ausência, viu a seleção criar boas alternativas, com um jogo coletivo mais forte e resultados relevantes.

"Marta é a rainha, é o ícone. Estar ao lado dela é contagiante. É generosa, tem muita energia. Eu já disse em algumas entrevistas que, no passe final, é uma das melhores. Ela estará na escalação? Não sei. Ainda não sei. A parte boa é que ela vai desempenhar o papel que eu lhe der", afirmou a técnica de 63 anos.

Marta em ação contra o Canadá, em uma das três partidas que disputou pelo Brasil neste ano, todas saindo do banco de reservas - Christopher Hanewinckel - 19.fev.23/USA Today Sports

A alagoana teve rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, no fim de março de 2022. Passou por cirurgia e voltou a atuar em fevereiro deste ano, quando disputou três partidas com a equipe nacional, na SheBelieves Cup. Em todas elas, entrou no segundo tempo, atuando em cerca de meia hora.

Desde então, esteve em campo 11 vezes pelo Orlando Pride, dez como titular, com dois gols e uma assistência. Em sua mais recente participação, jogou os 90 minutos da derrota por 2 a 1 para o Kansas City e se disse pronta para a Copa do Mundo. "Gratidão por mais uma oportunidade de representar o meu país."

Será o último Mundial de Marta, como ela mesmo afirmou repetidas vezes. Por isso, a competição na Oceania é vista como a oportunidade derradeira para a consagração da atleta com a camisa do Brasil. Ela foi vice-campeã em 2007 e também tem duas medalhas de prata olímpicas, em 2004 e 2008.

"Eu enfrentei a Marta em 2008", recordou Pia, técnica do time dos Estados Unidos que levou a medalha de ouro. "Ela foi brilhante. Hoje, não domina tanto o jogo, por duas razões. Está um pouco mais velha, não tão rápida. E, como o desenvolvimento do futebol feminino tem sido rápido, temos boas jogadores. Vai ser difícil para alguém dominar como a Marta dominou."

"Ela está em forma, tudo certo. Temos escalado jogadoras diferentes. Contra a Inglaterra e a Alemanha, por exemplo, ela não estava lá. Esses dois jogos nos deram bastante confiança. Isso significa que neste ano teremos um fantástico banco de reservas, com supersubstitutas", acrescentou a técnica.

Com um problema muscular, a craque não esteve nessas partidas, em abril, as mais recentes do time verde-amarelo. Na Finalíssima, o confronto entre as campeãs europeias e as sul-americanas, o Brasil perdeu nos pênaltis para a Inglaterra, no estádio de Wembley, em Londres, após empate por 1 a 1. Na sequência, bateu a Alemanha por 2 a 1, em Nuremberg.

Foram esses resultados que animaram Sundhage em relação à possibilidade de uma campanha longeva na Austrália e na Nova Zelândia. A seleção está no Grupo F, ao lado de França (algoz na última edição do torneio), Jamaica e Panamá. A estreia está marcada para 24 de julho, contra o Panamá, em Adelaide.

"Os dez melhores times têm chances de ganhar, e o Brasil é o oitavo [no ranking da Fifa]. Com sorte, qualquer um destes pode ganhar. O céu é o limite. Se o Brasil tem chance de ser campeão? Com certeza! Com o histórico que temos e o apoio, pode ser. Já neste ano? Não sei. Pode ser em quatro anos", declarou Pia.

A sueca disse ter buscado uma combinação de experiência e juventude na formação do grupo. Levou atletas como a zagueira Lauren, de 20 anos. E surpreendeu ao levar a goleira Bárbara, de 34, e a zagueira Mônica, de 36. Nesse conjunto, haverá algum papel para Marta, embora ele ainda não esteja claro.

"Sou sortuda por estar perto da Marta. É muito especial. Podemos usar o nome da Marta de forma positiva. Por exemplo, você pode imaginar, se ganharmos o primeiro jogo, o que isso vai fazer com o Brasil e a Marta? O Brasil não é uma só jogadora, mas um time. A Marta é a melhor por ser a melhor jogadora de equipe. Nós gostaríamos de ganhar para o Brasil, e a Marta é brasileira."

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