Mau início do Valladolid na segunda divisão amplia ira da torcida contra Ronaldo

Rebaixamentos, venda de jogadores e até mudança no escudo geram descontentamento de torcedores com cartola brasileiro

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São Paulo

O ex-jogador e empresário do futebol Ronaldo Nazário, 46, tornou-se nos últimos dias alvo de novos protestos de torcedores enfurecidos do Real Valladolid.

Os aficionados pedem a saída do craque brasileiro, presidente e dono do clube espanhol, e do técnico Paulo Pezzolano, ex-Cruzeiro, agremiação que também tem o Fenômeno como proprietário. O treinador uruguaio chegou em abril, em tentativa de recuperação no Campeonato Espanhol, mas não conseguiu evitar o rebaixamento —o segundo da gestão Ronaldo, que comprou o time em 2018.

Além das dores das quedas, a venda de peças importantes da equipe, a falta de reposição à altura e os resultados ruins no início da campanha na segunda divisão contribuíram para as reclamações das arquibancadas.

Torcedores do Real Valladolid vestindo camisas branca e roxa do clube com cartazes pedindo a saída do presidente e dono do clube, Ronaldo Nazário, e do técnico Paulo Pezzolano nos arredores do estádio José Zorrilla, na Espanha
Torcedores do Real Valladolid pedem a saída do presidente e dono do clube, Ronaldo Nazário, e do técnico Paulo Pezzolano nos arredores do estádio José Zorrilla - @valladolid1984 no X

No último jogo, no domingo (10) contra o Elche, faixas e cantos dos torcedores no estádio José Zorrilla, em Valladolid, pediam a saída de Ronaldo, que também foi chamado de mentiroso, com cobranças por mais investimentos para reforçar o plantel. "Onde está o dinheiro?", questionaram os torcedores.

Dados compilados pelo site especializado em movimentações do mercado da bola Transfermarkt mostram que o Valladolid arrecadou cerca de 37 milhões de euros (R$ 196,2 milhões) na última janela de transferência. Apenas a venda do ponta-direita equatoriano Gonzalo Plata ao Al Sadd, do Qatar, rendeu 12 milhões de euros (R$ 63,6 milhões) aos cofres do clube.

Os investimentos porr reforços ficaram bem abaixo, somando aproximadamente 4,5 milhões de euros (R$ 23,8 milhões). A contratação mais cara foi a volta do centroavante brasileiro Marcos André, que estava no Valencia e custou 1,8 milhão de euros (R$ 9,5 milhões).

Ao todo, foram 22 saídas e dez reforços para a temporada. Com um novo grupo, levará tempo até haver entrosamento, o que testará a paciência da torcida.

"Nesta temporada, tivemos que encarar uma drástica redução de receitas, em grande parte oriunda dos direitos de transmissão, que na segunda divisão são muito menores do que na primeira. Nesse sentido, fomos levados a uma estratégia de reformulação da equipe", disse o clube em nota enviada à Folha.

Ainda de acordo com a agremiação, nos últimos meses os esforços se voltaram para a renegociação de contratos e a venda de jogadores, de modo a gerar as receitas necessárias no desafio de retornar à primeira divisão.

Graças ao modelo adotado, defendem-se os dirigentes, foi possível quitar uma dívida de aproximadamente R$ 120 milhões que o clube tinha quando Ronaldo assumiu a operação, com aportes adicionais de R$ 60 milhões para modernizar o estádio e o centro de treinamento.

Para reforçar o elenco para a disputa da segunda divisão, o time espanhol contratou sem custos o brasileiro John, goleiro com passagens por Santos e Internacional, e o zagueiro Gustavo Henrique, também brasileiro, que estava no Fenerbahçe, da Turquia, e foi o responsável pelo gol na última rodada que garantiu o empate por 1 a 1.

Em cinco jogos na atual temporada, o Valladolid conquistou somente uma vitória, na estreia da segunda divisão espanhola, 2 a 0 sobre o Real Sporting. Na sequência, perdeu três partidas seguidas, para Zaragoza, Alcorcón e Albacete.

Os resultados deixaram o Valladolid na 18ª posição na tabela, apenas uma acima da zona de rebaixamento para a terceira divisão.

Após o jogo contra o Elche, Pezzolano disse que considera normal a cobrança dos torcedores. "O vestiário sabe o que está vivendo e o que tem de ser alcançado", afirmou o técnico, que chegou a se reunir com parte da torcida na saída do estádio.

O próximo jogo do Valladolid será no sábado (16), em casa, contra o Cartagena, 20º colocado na tabela de classificação. A depender do placar, a pressão dos torcedores em cima do Fenômeno pode aumentar ainda mais.

Em postagem na rede social X (antigo Twitter) no início do mês, Ronaldo reconheceu a má fase atravessada pela equipe e prometeu lutar pela recuperação.

O plano apresentado por Ronaldo em sua chegada era levar o Valladolid de volta aos campeonatos europeus, o que não ocorre desde 1997, em um prazo de cinco anos. A melhor colocação no Campeonato Espanhol alcançada na gestão do brasileiro foi a 13ª, na temporada 2019/20.

O segundo rebaixamento em cinco anos chegou a provocar uma troca de farpas entre o ex-jogador e o prefeito de Valladolid. Ronaldo criticou o político por considerar que não foram feitos os investimentos públicos necessários na equipe da cidade, e o prefeito atribuiu a culpa ao ex-jogador.

"O grande problema de Ronaldo é que ele realmente não sabe onde está. Ele não conhece nem o país em que mora, nem a cidade em que desembarcou", afirmou Óscar Puente em um programa de rádio local.

Mudança no escudo também não foi bem recebida

Além dos resultados ruins dentro de campo, causou indignação entre parte dos fãs do Valladolid a mudança promovida no escudo do time.

As alterações no formato e na tonalidade das cores do símbolo ocorreram em junho de 2022, mas ainda não foram bem digerida. Nos protestes do último fim de semana, torcedores exibiram faixas que cobravam a volta do símbolo original.

A despeito dos protestos, uma volta do escudo anterior está descartada pela direção. Ela defende que o novo desenho enaltece as tradições do clube e foi aprovado pela maior parte dos torcedores.

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