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Justiça do Rio destitui Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF

Novas eleições devem ser convocadas em 30 dias; cabe recurso

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São Paulo

O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues, foi destituído do cargo nesta quinta-feira (7) por decisão do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro). O órgão apontou o presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), José Perdiz, como interventor na entidade.

Uma nova eleição na entidade deverá ser convocada em 30 dias, mas ainda cabe recurso a tribunais superiores. Nesse período, Perdiz será responsável pelas rotinas administrativas da entidade, como o pagamento de contas.

Os desembargadores Gabriel Zéfiro, Mauro Martins e Mafalda Lucchese avaliaram que o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) não tinha legitimidade para ajuizar a ação do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) acordado com a CBF em 2022.

O termo abriu caminho para a eleição de Rodrigues, mas agora foi considerado ilegal pela Justiça.

Ednaldo Rodrigues durante coletiva de imprensa para apresentar Fernando Diniz como técnico interino da seleção brasileira na sede da CBF, no Rio de Janeiro
A eleição de Ednaldo Rodrigues foi anulada - Eduardo Anizelli - 5.jul.2023/Folhapress,

Ednaldo firmou o acordo quando ocupava a presidência da CBF interinamente, no lugar de Rogério Caboclo, afastado por denúncias de assédio contra funcionárias da entidade.

O termo de ajustamento foi resultado de uma ação movida pelo Ministério Público em meados de 2018, que questionava a CBF em relação ao processo eleitoral para a presidência da confederação.

Alguns dos vice-presidentes da entidade na gestão Caboclo se sentiram prejudicados e questionaram a validade do acordo, agora julgado ilegal pela Justiça.

A decisão tem efeito imediato a partir da notificação e da publicação. A CBF vai recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), porém a entidade, neste momento, está em recesso. Procurada pela reportagem, a confederação ainda não se manifestou.

O desembargador Mauro Martins, que foi o segundo a votar nesta quinta-feira, fez questão de afirmar que a decisão não caracteriza uma interferência externa. "Quero deixar claro que isso não é uma interferência externa na CBF. Estamos nomeando alguém da Justiça desportiva [presidente do STJD], não alguém externo. Portanto, não pode ser considerado interferência externa", disse ele.

Também nesta quinta-feira, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) e a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) enviaram ofícios à CBF alertando sobre os riscos em caso de interferência externa, no caso da Justiça comum, na entidade.

Em cartas endereçadas ao secretário-geral da CBF, Alcino Reis Rocha, a Fifa e a Conmebol reafirmaram que o estatuto da federação mundial "obriga as associações membros a gerir os seus assuntos de forma independente, sem influência de terceiros, incluindo quaisquer entidades estatais".

O artigo 16 do estatuto da Fifa diz que qualquer violação de tal obrigação pode levar a sanções, ainda que a influência não tenha sido causada pela associação membro em questão.

A entidade máxima do futebol diz, ainda, que tomou conhecimento de que o acordo celebrado entre CBF e o Ministério Público correria risco de ser cancelado e pediu para ser informada sobre qualquer avanço em relação ao tema. O documento é assinado por Kenny Jean-Marie, diretor das federações membros da Fifa.

Afastamento em momento de crise na seleção

O vácuo no comando da CBF ocorre em um momento no qual Ednaldo Rodrigues se vê fragilizado, sobretudo devido aos fracassos recentes acumulados pela seleção brasileira, como a queda nas quartas de final da Copa do Mundo de 2022, além do fraco desempenho apresentado nas Eliminatórias para o Mundial de 2026.

O Brasil é, atualmente, apenas o sexto colocado do torneio classificatório, com sete pontos, oito a menos do que a líder Argentina. A distância na tabela reflete o que tem sido considerado como um ano perdido para a equipe canarinho, que, desde a saída do técnico Tite, logo após o Mundial no Qatar, está sob o comando de interinos.

O primeiro foi Ramon Menezes, técnico da equipe sub-20. Depois, a partir de julho, Fernando Diniz passou a dirigir o time, mas sem desligar-se do Fluminense. O vínculo dele é de um ano. Após o período, a CBF espera a anunciar a chegada do italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid, com quem a entidade diz ter um acordo, embora o profissional nunca tenha confirmado isso publicamente.

O afastamento de Ednaldo Rodrigues torna ainda mais incerta a chegada do treinador italiano.

A instabilidade favoreceu o ressurgimento de uma oposição ao atual presidente da CBF, algo com o qual ele não convivia até o momento. De acordo com o portal o UOL, nomes com Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, ex-presidentes da entidade, mesmo banidos do futebol, têm articulado para minar a gestão de Ednaldo. Eles estariam repassando dossiês nos quais criticam o que consideram gastos excessivos da atual gestão, atrasos de pagamentos e outras decisões administrativas.

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