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Celtics derrubam Mavs, superam Lakers e voltam a reinar na NBA

Time de Boston fecha série contra o Dallas, alcança 18º título e deixa arquirrival para trás

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São Paulo

A camisa do adversário tinha a palavra "Dallas", mas, para o público presente no TD Garden na noite de segunda-feira (17), havia outro oponente a ser batido. Sim, o Boston Celtics derrotou o Dallas Mavericks por 106 a 88, fechando em 4 a 1 a série melhor de sete da final da NBA, porém houve momentos em que torcedores gritaram "beat LA".

"Bater LA" é quase uma obsessão em Boston. A rivalidade da equipe do estado de Massachussetts com o Los Angeles Lakers é, de longe, a maior da liga norte-americana de basquete. E, agora, os fãs dos Celtics podem dizer de novo: têm mais títulos do que o inimigo.

Mais do que qualquer um, na verdade. Com 18 taças, o time alviverde está novamente isolado como o maior campeão da NBA, agora um troféu à frente dos Lakers.

Jayson Tatum ergue, orgulhoso, o troféu Larry O'Brien - Adam Glanzman/Getty Images via AFP

O certame de 2023/24 foi decidido com uma atuação sólida da dupla formada pelos alas-armadores Jayson Tatum e Jaylen Brown, as estrelas do clube. Eles tiveram ao logo da série muito boa contribuição dos experientes Jrue Holiday e Al Horford.

Eleito o melhor das finais, Brown teve no jogo decisivo 21 pontos, 8 rebotes e 6 assistências. Tatum teve números ainda melhores na noite de segunda, com 31 pontos, 8 rebotes e 11 assistências.

Exceção feita à quarta partida, vencida facilmente pelo Dallas, o Boston teve desempenho melhor nos momentos decisivos. A respeitada dupla de armadores dos Mavericks encontrou dificuldades –Kyrie Irving não se achou plenamente no ataque, Luka Doncic foi frágil na defesa–, e os velhos campeões voltaram a reinar.

Agora, Tatum, 26, e Brown, 27, estão na história dos Celtics, ao lado de lendas como Bill Russell, Bob Cousy, John Havlicek, Sam Jones, Kevin McHale, Larry Bird, Paul Pierce e Kevin Garnett.

Pierce e Garnett foram decisivos na conquista anterior da equipe alviverde, em 2008, contra o odiado Los Angeles Lakers. Mas os Lakers os derrotaram em 2010, triunfaram de novo em 2020 e se igualaram aos arquirrivais, com 17 títulos. A formação atual do Boston, dirigida por Joe Mazzulla, tratou de desempatar a disputa.

Mazzulla, 35, é personagem de destaque da conquista, líder improvável do campeão. Ele era auxiliar de Ime Udoka, que surpreendeu ao levar os Celtics à decisão de 2022 com um time que não era apontado entre os favoritos. Então, em seguida, por "um relacionamento inapropriado", ainda que consensual, com uma funcionária do clube, o treinador foi afastado e posteriormente demitido.

A direção promoveu Mazzulla interinamente, gostou dos resultados e o efetivou. Jovem, ele conquistou os jogadores com o que Jrue Holiday chamou de "energia estranha". Respeitado pelo conhecimento tático e pela dedicação aos detalhes, chamou a atenção com discursos motivacionais do tipo "quem mexeu no meu queijo".

Em um deles, mostrou imagens de castelos de areia, explicando que até os melhores castelos são desgastados, dia a dia, e precisam ser reconstruídos. "Foi meio brega", sorriu Holiday. "Mas a gente comprou a ideia."

A ideia foi apresentada, ao longo dos últimos dois anos, bem ao particular estilo de Mazzulla. Em março, o Boston vencia facilmente uma partida, a poucos minutos do fim, quando, após um pedido de tempo, Royce O'Neale, do Phoenix Suns, fez um arremesso como treino, sem a bola em jogo. O técnico dos Celtics agiu como um defensor, tentando um toco.

"Eu vi um cara que não estava acertando uma bola e que estava tentando calibrar seu movimento, e eu não queria que ele ganhasse confiança. Esta é a regra: se eu vou pedir para os jogadores contestarem os arremessos dos nossos oponentes, a comissão técnica vai fazer a mesma coisa", afirmou.

"Você acaba embarcando na doideira", disse Holiday. "Talvez seja uma loucura controlada, mas é uma maneira dele de nos preparar e também uma maneira de ele se preparar. É divertido. É diferente. O Joe definitivamente traz uma faísca... E uma energia estranha."

Tão estranha que, questionado sobre o fato de haver dois técnicos negros na final da NBA pela primeira vez desde 1975, recusou-se a responder. "E quantas vezes houve dois treinadores cristãos?", disse, alimentando uma discussão que acompanha os Celtics há décadas. Em uma cidade com um vasto histórico de manifestações racistas, até Bill Russell, o maior da história do clube, teve sua casa atacada com fezes e, aposentado, foi embora.

Russell atuou como jogador e técnico em 1969, no último de seus quase inacreditáveis 11 títulos. Tinha 35 anos, a idade atual de Mazzulla, o mais jovem técnico em uma final justamente desde 1969.

Foi ele quem uniu da melhor forma Tatum e Brown, que deixaram para trás as questões sobre a compatibilidade da parceria. Eles nem sempre se deram bem, mas abraçaram o conceito de um jogo com menos ego e mais esforço na defesa.

Jaylen Brown foi eleito o melhor jogador das finais - Peter Casey/USA Today Sports via Reuters

O resultado foi uma campanha sólida. O Boston teve o melhor aproveitamento da primeira fase, com 64 vitórias e 18 derrotas. Nos mata-matas, venceu todas as séries com facilidade: 4 a 1 no Miami Heat, 4 a 1 no Cleveland Cavaliers, 4 a 0 no Indiana Pacers e 4 a 1 no Dallas Mavericks.

Nem a lesão de Kristaps Porzingis –que perdeu quase todos os "playoffs" e teve participação limitada na final, embora tenha sido decisivo no jogo 1– tirou do trilho aquele que foi claramente o melhor time do campeonato. O time que bateu Dallas. O time que bateu LA.

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