Descrição de chapéu Futebol Internacional

EUA apostam em astro local para popularizar o futebol no país

Copa do Mundo de 2026 é vista como uma oportunidade para atrair novos fãs ao esporte na região

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Greg O'Keeffe
The Athletic | The New York Times

Com os Estados Unidos prestes a sediar dois torneios de futebol de destaque —a Copa América, que começa nesta quinta-feira (20), e a Copa do Mundo de 2026— o que pode ser feito para impulsionar o esporte a novos patamares no país?

Para Michael Yormark, presidente da agência Roc Nation Sports International, encontrar o primeiro superstar de futebol nos Estados Unidos, um atleta que seja reconhecível para pessoas que não seguem futebol ou esportes de modo geral, é a chave.

Torcedores durante amistoso entre Brasil e Estados Unidos no Camping World Stadium em Orlando, na Flórida - Gregg Newton/AFP

Yormark quer ter assinado com seis jogadores da seleção masculina dos Estados Unidos até a próxima Copa do Mundo, que será realizada nos Estados Unidos, Canadá e México.

Sua agência recentemente anunciou que representará Kevin Paredes, meio-campista do Wolfsburg eleito o jogador revelação dos Estados Unidos em 2023 e que soma três partidas pela seleção de seu país.

Isso faz parte de uma estratégia que Yormark acredita ser essencial para que o futebol alcance o basquete, beisebol, hóquei e futebol americano nos Estados Unidos.

"Devemos encontrar uma maneira de desenvolver grandes estrelas no esporte", disse Yormark, cuja agência representa jogadores como Vinicius Junior, do Real Madrid, Federico Dimarco, da Inter de Milão, Chris Richards da seleção dos Estados Unidos e do Crystal Palace, e Kevin De Bruyne, do Manchester City.

"Veja o que aconteceu com a MLS desde a chegada de Lionel Messi: o maior nome do esporte vem para os Estados Unidos e, de repente, todos estão superexcitados. Celebridades querem ir aos jogos em Fort Lauderdale. Você vê LeBron James lá, você vê DJ Khaled e Kim Kardashian. Eles vêm para o sul da Flórida para assistir Messi."

Ele disse que foi semelhante ao que aconteceu quando David Beckham jogou pelo Galaxy, em Los Angeles. "Nos Estados Unidos, o que impulsiona o sucesso dos esportes, na maioria dos casos, é a popularidade dos atletas."

Yormark acredita que a Copa do Mundo de 2026 pode atrair a maior audiência global de sua história, mas, para isso, é imperativo que o mercado dos Estados Unidos seja envolvido durante a preparação para o evento.

Falando sobre os jogadores dos Estados Unidos, ele disse: "queremos torná-los verdadeiras superestrelas no mercado dos Estados Unidos. Isso é o que realmente impulsionará este esporte. Sentei-me com a Fifa (Federação Internacional de Futebol) inúmeras vezes nos últimos seis meses para falar sobre seus objetivos relacionados a 2026, e é sobre se conectar com a cultura americana através de jogadores, eventos, música e embaixadores. Eles entendem que este é um momento—chave."

Ele acrescentou: "Você não pode se considerar o maior esporte do mundo se não for relevante na América."

Yormark disse que ficou chocado recentemente ao olhar os seguidores nas redes sociais dos quatro principais esportes coletivos nos Estados Unidos.

"A NBA tem mais de 80 milhões de seguidores no Instagram, e a NFL (liga profissional de futebol americano), que é considerada o maior esporte dos Estados Unidos, tem 30 milhões", disse Yormark. "O que isso me diz? A NBA é mais global porque suas superestrelas são reconhecidas em todo o mundo. Você não pode ir a lugar algum e não saber quem são LeBron James, Steph Curry ou Kevin Durant. O poder das estrelas impulsionou a NBA para o patamar atual."

Sua empolgação pela Copa do Mundo é clara, e ele espera que a Fifa possa aproveitar seu potencial para espalhar esse sentimento para os fãs casuais de esportes nos Estados Unidos. "Você tem que estabelecer as bases e dizer aos americanos que o maior evento esportivo que o mundo já viu estará em solo americano", disse ele. "Não apenas os americanos amam as estrelas, eles querem fazer parte de grandes eventos."

Taylor Twellman, ex-jogador da seleção masculina dos Estados Unidos, disse que o superstar que o futebol dos Estados Unidos busca certamente seria um goleador.

"Tivemos um grande goleiro", disse ele, referindo-se a Tim Howard, "e então um jogador muito rápido e habilidoso como Christian Pulisic. Mas algum deles transcendeu o esporte?"

Ele acrescentou: "É a premissa do LeBron —o cara que coloca a bola na cesta."

Para Twellman, analista da MLS na Apple TV, os gols atrairão fãs não adeptos do futebol.

"Se os Estados Unidos ganhassem a Copa do Mundo, o jogador que marcasse aquele gol seria conhecido para sempre", disse ele. "É como a equipe de hóquei olímpico de 1980. Todo mundo neste país se lembra daquela equipe e da narração de Al Michaels perguntando: 'você acredita em milagres?'"

Não surpreendentemente, a nação que deu Hollywood ao mundo inevitavelmente exigirá que seu potencial superstar do futebol tenha um arco de personagem cativante.

"Trata-se de jogadores interessantes e empolgantes que permeiam a cultura popular —é assim que você atrai novos fãs", disse Michael Jacobson, vice-presidente sênior da agência de marketing e comunicação R&CPMK. "Não é apenas a excelência em campo. São as histórias. Estamos há dez anos em uma era de contar histórias por meio das redes sociais, o que nos faz nos relacionar ainda mais com os atletas de destaque."

Ele acrescentou: "existem experiências humanas compartilhadas ligadas a narrativas de triunfos, derrotas e relacionamentos com os quais as pessoas se identificam e fazem com que esses atletas permaneçam em suas mentes. Eu não tenho a fórmula para o que pode impulsionar um determinado atleta em um esporte coletivo como o futebol, que ainda está crescendo neste país, a se tornar uma estrela, mas sei que a oportunidade de ocupar esse espaço existe e está disponível."

Jacobson disse que os Estados Unidos estão no caminho certo para descobrir essa superestrela geracional.

"Nos Estados Unidos, as taxas de participação no futebol amador estão crescendo", disse. "Mas ainda é muito menor do que em outros países da Europa e da América do Sul, onde as pessoas jogam e assistem ao esporte desde jovens até a idade adulta e se envolvem a longo prazo. Está melhorando, mas leva tempo. Sediar a Copa do Mundo ajuda muito nisso."

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