Descrição de chapéu basquete

Odiado em Boston, Kyrie Irving está no caminho do 18º título dos Celtics

Estrela do Dallas Mavericks tem histórico bélico com time que enfrentará na final da NBA

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São Paulo

Não há na NBA atual uma relação tão hostil quanto a de Kyrie Irving com o Boston Celtics. É inegável o ódio mútuo entre o jogador e os torcedores do time verde, renovado na final deste ano da liga norte-americana de basquete.

Irving, hoje no Dallas Mavericks, está no caminho de uma conquista considerada muito importante para os fãs da equipe de Massachussetts. Em caso de triunfo, o 18º título fará dos Celtics os maiores vencedores do campeonato, deixando para trás o arquirrival Los Angeles Lakers.

É uma das muitas histórias da decisão, em série melhor de sete, com início nesta quinta-feira (6), às 21h30 (de Brasília), no TD Garden, em Boston. Exibido no Brasil por Band, ESPN 2 e Star+, o confronto será definido primordialmente pelo desempenho da grande dupla de cada time: Jayson Tatum e Jaylen Brown pela formação do Leste, Luka Doncic e Kyrie Irving pelo campeão do Oeste.

Mas, diante do embate estabelecido, é difícil não tratar Kyrie como a grande personagem do duelo.

Kyrie Irving ataca Payton Pritchard em um dos jogos entre Dallas e Boston pela primeira fase, ambos vencidos pelos Celtics - Andrew Dieb - 22.jan.24/USA Today Sports via Reuters

Campeão com o Cleveland Cavaliers em 2016, o armador chegou aos Celtics em 2017, cansado da parceria com LeBron James. Era o nome que levaria o clube de volta à glória, mas, após duas temporadas decepcionantes e uma promessa não cumprida de renovação de contrato, partiu rumo ao Brooklyn Nets, onde ficou até 2023.

"Sou bombardeado por questões sobre o Boston desde que saí", disse o atleta de 32 anos. "Mas é ir em frente e deixar o passado para trás. Ele pode mutilá-lo se você deixar. As pessoas tentam entender o que aconteceu... A verdadeira história vai provavelmente aparecer quando eu estiver aposentado ou quando for apropriado."

Irving perdeu o avô, com quem era apegado, antes da temporada 2018/19, sua segunda e última nos Celtics. Hoje reconhece que não foi o jogador que todos esperavam em Boston, porém entende que tenha faltado carinho de uma torcida exigente, acostumada a títulos.

"Não me importo, depois de alguns anos, de levar a maior parte da culpa", disse, sobre as coisas não terem dado certo. "Sou um dos melhores jogadores do mundo e sei que, com isso, vem com uma crítica justa. É só que, sabe, um pouco mais de compreensão poderia ter sido estendida para o meu lado, especialmente com o que eu estava lidando durante aquele tempo como ser humano."

"Às vezes, no esporte, é literalmente sobre o resultado final, o que você alcança. Mas ainda somos humanos. No fim das contas, não fui minha melhor versão naquele período. Quando olho para trás, vejo que foi um tempo no qual aprendi a me desapegar das coisas e a falar por meio de minhas emoções", acrescentou.

Kyrie Irving defendeu os Celtics entre 2017 e 2019, antes de partir sem deixar saudade nos torcedores de Boston, que não o suportam - Rob Carr - 12.dez.18/Getty Images/AFP

As frases, ditas às vésperas do início da final, foram as primeiras declarações públicas de Kyrie com alguma autocrítica desde o adeus. Houve quem enxergasse um amadurecimento. Houve quem lesse a manifestação como estratégia para diminuir a pressão no Garden. Os torcedores do Boston, em geral, nem ouviram.

O reencontro certamente será cheio de hostilidade. Ainda que as palavras mais recentes tenham sido um tanto conciliatórias, o histórico desde a despedida é deveras belicoso.

Em seu tempo de Brooklyn Nets, o armador enfrentou o Boston duas vezes no mata-mata da Conferência Leste. Em 2021, avançou com uma vitória por 4 a 1. Em 2022, para delírio verde, levou 4 a 0.

Ambos os confrontos tiveram gestos acintosos. No primeiro, o jogador pisou agressivamente no "leprechaun", duende do folclore irlandês que é símbolo dos Celtics e está desenhado no centro da quadra –um torcedor foi preso por atirar uma garrafa de água na direção do desafeto. No segundo, foi multado em US$ 50 mil (R$ 233 mil, na cotação da época) por mostrar o dedo do meio para a arquibancada.

Em uma de suas visitas ao Garden, chegou a queimar sálvia no ginásio, em ritual de purificação. "Vem das tribos nativas. É sobre limpar a energia, não é nada que eu não faça em casa", desconversou, sem convencer ninguém.

Agora, admite que poderia ter apresentado um comportamento diferente.

"Não foi o melhor. Todos me viram mostrando o dedo do meio e meio que perdendo a cabeça um pouco. Aquilo não foi um bom reflexo de quem eu sou de como gosto de competir em alto nível. Não foi um bom exemplo para a próxima geração sobre o que significa controlar as emoções nesse tipo de ambiente, não importa o que as pessoas estejam gritando para você", afirmou.

Kyrie jura agora estar pronto para encarar esse ambiente e o comparou ao Coliseu romano. Ele mencionou os gladiadores como inspiração para conquistar um público hostil –o que, obviamente, não ocorrerá– e tratou de, ao menos, referir-se aos torcedores verdes como conhecedores do esporte.

"É gostoso ouvir o Garden em silêncio quando você está jogando bem. Eles ainda respeitam o bom basquetebol."

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