O esporte está presente na vida da campeã mundial de boxe Bia Ferreira desde o berço.
Filha de Raimundo Oliveira Ferreira, o Sergipe, bicampeão brasileiro e sparring (parceiro) de Acelino ‘Popó’ Freitas, a soteropolitana deu seus primeiros golpes aos 4 anos de idade, nos sacos cheios de areia pendurados na garagem da casa da família, em um bairro na periferia de Salvador.
Devido à influência do pai nos treinamentos desde a infância, Bia herdou naturalmente um estilo de luta muito semelhante ao dele.
"A Bia é uma atleta muito agressiva, briga na curta e na longa distância e tem golpes muito duros, assim como eu também tinha. E ela tem muita movimentação de tronco, cabeça, se mexe muito para bater e defende e bloqueia, características que eu tinha também nos ringues", afirma Sergipe à Folha por telefone da capital baiana.
"Quando a atleta é treinada desde pequena por uma pessoa, ela vai acabar ficando com um estilo parecido", acrescenta o pai orgulhoso.
O estilo de luta de Bia, e de Sergipe, já rendeu uma série de conquistas em cima dos ringues nos últimos anos.
Um dos principais nomes do esporte na atualidade, Bia, hoje com 31 anos, é bicampeã mundial amadora (2019 e 2023) e duas vezes medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos (2019 e 2023).
Em abril deste ano, sagrou-se também campeã mundial na categoria profissional pela Federação Internacional de Boxe, ao nocautear a argentina Yanina Lescano em duelo realizado em Liverpool, na Inglaterra.
Na categoria profissional, em que estreou em novembro de 2022, soma cinco lutas e cinco vitórias.
Ao todo, a pugilista tem um cartel que soma 157 lutas, com 149 vitórias, o que corresponde a um aproveitamento de 95%.
A principal diferença do boxe olímpico para o profissional é a duração do combate —enquanto no olímpico as lutas têm três rounds, no profissional são até 12, o que traz mudanças importantes na estratégia adotada pelos lutadores.
Além disso, os atletas olímpicos usam proteção na cabeça para amortecer os golpes, o que não acontece no profissional.
"Agora a meta é ser campeã olímpica, prometo que a próxima luta vai ser melhor do que essa", disse a brasileira logo após a conquista do cinturão na Inglaterra.
Na capital francesa, a baiana vai em busca da única medalha que ainda falta no boxe amador, antes de passar a se dedicar exclusivamente ao profissional.
Em Tóquio-2020, Bia alcançou o melhor resultado do boxe feminino do Brasil nas Olimpíadas, quando voltou com a prata. Acabou derrotada na final da categoria até 60 kg pela irlandesa Kellie Harrington por decisão dos juízes.
"Desculpa, pai. Desculpa, Brasil", disse a brasileira após a derrota.
"Bia é a grande favorita para trazer o ouro de Paris, pela trajetória que vem tendo, campeã em todos os torneios que entrou. Estamos bem confiantes e ela ainda mais", afirma Sergipe. "Bia está indo bem madura, focada, com muita experiência."
Entre as principais adversárias no caminho da brasileira, estão a coreana Oh Yeon-Ji, tricampeã asiática, e novamente a irlandesa Harrington.
A fase preliminar das lutas de boxe na categoria até 60 kg nos Jogos de Paris acontecem no dia 27 de julho, na Arena Paris Norte, com a final prevista para o dia 6 de agosto.
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