Descrição de chapéu Estados Unidos Futebol

EUA experimentam o caos 30 anos após sua Copa com recorde de público

Em 1994, Brasil bateu a Itália diante de 94 mil espectadores na Califórnia

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São Paulo

Para quem tem idade suficiente ou já apelou para o YouTube, vem fácil a lembrança da final sem gols entre Brasil e Itália em 1994. Da decisão nos pênaltis e do derradeiro chute para fora, muito para fora, de Roberto Baggio (o vernáculo ainda não tinha absorvido a nova acepção de "isolar"). De Pelé e Galvão Bueno pulando abraçados nas tribunas. Pouca gente talvez se lembre, no entanto, de que naquele calorento 17 de julho havia 94.194 espectadores no Rose Bowl, em Pasadena. Há 30 anos, a Copa do Mundo estabelecia seu recorde de público em uma única edição e a maior média por partida.

A competição fez andar o relógio da seleção brasileira, antes parado em 1970, e também o do futebol nos EUA. A modalidade por lá só cresceu desde então. Os americanos permanecem distantes do domínio do time feminino, tetracampeão mundial, mas sua liga já produz muito mais dinheiro do que a brasileira. Inflexão ainda maior foi ter superado o perdulário futebol árabe para contratar Lionel Messi.

A imagem mostra um jogador de futebol brasileiro segurando a bandeira do Brasil aberta atrás de si. Ele está vestindo o uniforme da seleção brasileira, que consiste em uma camisa amarela com o número 11, shorts azuis e meias brancas. Ao fundo, há outros jogadores e uma grande multidão de torcedores nas arquibancadas.
Romário, com a bandeira do Brasil, festeja o Tetra no estádio Rose Bowl, nos EUA - Pisco Del Gaiso - 17.jul.94/Folhapress

O craque argentino, ídolo do Inter Miami, estava em casa no domingo (14) para a final da Copa América, com mais de 65 mil ingressos vendidos. Só que, a dois anos de receber uma nova Copa do Mundo, agigantada pela Fifa e com jogos se espalhando pelos vizinhos México e Canadá, os EUA experimentaram um dia de caos, que em nada lembra a festiva edição celebrada há três décadas.

Mais do que caos, um dia de quase tragédia, obliterado provavelmente por um fim de semana de tiros em Donald Trump e uma cobertura destreinada em futebol da imprensa local. Restaram dezenas de presos, um número não divulgado de feridos, famílias traumatizadas, choros, desmaios, um cartola colombiano preso e um vídeo viral de torcedores fazendo fila para entrar no Hard Rock Stadium por um duto de ar condicionado.

Nada que arregale muito olhos sul-americanos, habituados aos barrabravas argentinos e a tumultos em geral, como os da final da Copa de 2014, no Maracanã. Só que o hooliganismo explica apenas uma parte do ocorrido em Miami. No país das grandes arenas e eventos esportivos, faltou organização, e é isso que assusta.

Os responsáveis pelo evento determinaram que apenas portadores de ingressos poderiam estar na esplanada que leva ao estádio. De acordo com o jornal The New York Times, porém, não havia controle de acesso à praça, algo comum em grandes eventos de futebol, como a Eurocopa que acontecia no mesmo período na Alemanha. Um abre e fecha de portões se sucedeu em vão para tentar coibir os invasores, até que algum bom senso determinou a liberação das catracas.

As autoridades de Miami, assim como os relatos jornalísticos americanos, não escondiam o tom de indignação ao tratar das inúmeras tentativas de entrar no estádio sem ingresso. Alguns custavam milhares de dólares. A polícia expulsou 55 torcedores sem bilhetes, número que soa quase como piada diante do tamanho da confusão e da arena.

A nova Copa americana, em 2026, até aqui não havia visto limites, com suas inéditas 48 seleções, 104 partidas e 39 dias. O futebol, no entanto, mostrou no domingo que eles existem e não são poucos. E não é a Fifa que vai ajudar.

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