Nas ruas de Paris, os blindados leves com camuflagem cinza da polícia do Catar não passaram despercebidos: os primeiros reforços estrangeiros chegaram há poucos dias para ajudar a França a garantir a segurança durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Ao todo, cerca de 1.750 membros de forças de segurança interna provenientes de aproximadamente 40 países serão mobilizados na França neste verão (inverno no hemisfério sul), informou à AFP uma fonte policial.
"Uma grande parte deles será destacada para estações de trem, aeroportos e em torno dos 39 locais olímpicos ou de competições esportivas", especificou o ministério do Interior da França na sexta-feira (12).
Os reforços vêm apoiar os cerca de 35 mil policiais civis e militares e os 18 mil militares franceses que serão mobilizados em média diariamente para garantir a segurança dos Jogos.
A principal missão dos reforços estrangeiros será realizar "prevenção local" nas proximidades de onde os eventos vão acontecer, segundo a fonte policial, uma vez que mais de 15 milhões de visitantes são esperados durante as provas.
Apoio de agentes estrangeiros
Entre os 31 países europeus que responderam positivamente ao apelo da França, a Espanha vai enviar o maior efetivo, com 360 pessoas, enquanto o Reino Unido enviará 245 e a Alemanha, 161, segundo a mesma fonte. O Catar, por sua vez, fornecerá um total de 105 agentes de segurança, dos quais 43 já chegaram à capital.
Segundo o ministério do Interior, a maior parte dessa delegação é "composta por equipes cinotécnicas [referentes ao emprego e treinamento de cães na busca de explosivos] e por policiais que patrulharão no aeroporto Roissy-Charles-de-Gaulle", próximo a Paris.
Além das equipes cinotécnicas, a França também poderá contar com "especialistas em combate a drones, guardas de fronteira, spotters (observadores de multidão), especialistas em desativação de explosivos, cavaleiros e motociclistas", conforme informou o ministério, enquanto o país está em alerta máximo de "urgência de atentado" desde o ataque terrorista em Moscou, em março.
Sem prerrogativas judiciais em solo francês, esses reforços estrangeiros trabalharão "sistematicamente em dupla" com forças de segurança interna francesas, destaca o ministério.
Cooperações frequentes
A cooperação entre países para garantir a segurança durante eventos internacionais é comum. Ela é ainda mais útil considerando que cerca de 3.500 policiais militares e civis e militares permanecem mobilizados na Nova Caledônia, um arquipélago francês no Pacífico Sul que enfrenta distúrbios há dois meses.
A França e a Alemanha concordaram em março com a cooperação bilateral para "disponibilizar mutuamente forças de segurança interna" durante o campeonato Euro 2024 na Alemanha e os Jogos Olímpicos (26 de julho - 11 de agosto) e Paralímpicos (28 de agosto - 8 de setembro) em Paris.
Os reforços alemães garantirão este verão na capital a proteção da "casa da Alemanha", no complexo de alojamento universitário, e do "Festival Alemão do Esporte", organizado em um estádio parisiense. "A Alemanha enviará outros reforços para a segurança pública em apoio aos serviços franceses", declararam o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, e a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, em um comunicado em março.
A França já havia se beneficiado do dispositivo durante a Euro 2016 e viu seus efetivos reforçados por 180 policiais provenientes de 23 países.
Em 2023, Paris também contou com a presença de 160 policiais civis e militares europeus durante a Copa do Mundo de Rugby, após enviar 220 policiais civis e militares e "spotters" ao Catar para a Copa do Mundo de Futebol em 2022.
Assim como a Alemanha, a Polônia já havia confirmado em março o envio de reforços militares para a França durante o verão.
"Uma força operacional composta por nossos soldados, incluindo cães farejadores, será desdobrada em Paris. Seu principal objetivo será realizar operações de detecção de explosivos e combate ao terrorismo", disse o ministro polonês da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz.
(com AFP)
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