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Tragédia
no
Vôo 402
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IML fará exame de DNA
para identificar vítimas
TAM muda número do vôo 402. Transcrição
das caixas-pretas chega a São Paulo
Brasil Online 5/11/96 21h06
De São Paulo
O Instituto Médico Legal de São
Paulo (IML) ainda não conseguiu fazer o reconhecimento
de quatro das 98 vítimas do acidente com o Fokker-100 da
TAM. São elas Gilberto Alves Aquino Jr., Luiz Romero, Maria Lima e Flávia Stout.
Nesta terça-feira, a direção do
IML decidiu encaminhar os quatro corpos para pesquisa de
DNA. Segundo o diretor do Instituto, Francisco Claro, os
exames serão feitos pela Universidade de São Paulo.
Claro vai entrar em contato com os familiares das quatro
vítimas para iniciar a coleta de sangue de parentes
diretos para realizar os exames.
TAM muda número
do vôo 402
A TAM confirmou nesta terça-feira
(5) que alterou o número do vôo 402 a pedido dos
passageiros. O novo número, 506, foi definido pelo
Departamento de Aviação Civil (DAC). Segundo Paulo
Pompílio, assessor da presidência, a empresa não
cogita em modificar a estrutura dos reversos das turbinas
de seus 27 Fokker 100. Até porque não compete às
companhias aéreas alterar projetos de aeronaves.
Nesta terça-feira circularam
notícias de que a TAM iria retirar os dispositivos
eletrônicos que acionam o reverso, tornando-o mecânico
apenas. Dessa forma o sistema teria que ser acionado
apenas pelo comandante do avião. "É mera especulação",
afirmou Pompílio.
A TAM, cujo seu presidente, o
comandante Rolim Adolfo Amaro, teve acesso a trechos da
gravação da caixa preta do Fokker 100 que caiu, não
confirma que o comando da aeronave estava com o co-piloto
no momento da decolagem. Também as frases atribuídas ao
comandante Moreno - "Calma, nós vamos sair
dessa" e "Meu Deus!" - não foram
confirmadas pela empresa. "São especulações, as
investigações ainda não foram concluídas", diz
Pompílio.
Transcrição das caixas-pretas
chega a São Paulo
O porta-voz do Ministério da
Aeronáutica, tenente-coronel Flávio Lúcio Sganzerla,
informou que já chegaram a São Paulo cópias da
transcrição das vozes e dos dados que constam das duas caixas
pretas do Fokker 100 da TAM que caiu na manhã de quinta-feira,
ao decolar do Aeroporto de Congonhas para o Santo Dumont,
no Rio. O conteúdo da transcrição, disse o oficial,
não será divulgado antes da conclusão do inquérito
que investiga as causas do acidente.
Segundo membros da comissão de
investigação do Departamento de Aviação Civil (DAC),
está praticamente descartada a hipótese de que a queda
do avião tenha sido provocada por interferência de
telefone celular ou outros aparelhos eletrônicos. As
análises se concentram na suspeita de que houve mesmo
falha mecânica em algum dispositivo que acionou
indevidamente o reverso - sistema auxiliar de frenagem que
faz abrir uma concha na turbina para reforçar os freios.
Apesar dessa tendência do
inquérito, a Telesp pôs os seus técnicos à
disposição das autoridades para ajudar a esclarecer o
acidente. A empresa de telecomunicações de São Paulo
não tomará a iniciativa de checar se algum telefone
celular foi usado durante a decolagem do jato, mas
atenderá a requisições da comissão investigadora da
Aeronáutica, da polícia ou da Justiça. O rastreamento
dos telefones seria feito a partir dos números dos
aparelhos que pudessem estar em mãos dos passageiros.
Segundo a Telesp, os técnicos têm
condições de saber se algum celular foi usado, embora
não possam descobrir o que foi conversado, a não ser
que alguma mensagem tenha sido gravada. O caminho para o
rastreamento seria a localização do número do telefone
a partir do nome do assinante. Os celulares dos
passageiros provenientes de vôos de conexões orginadas em
outras cidades teriam de ser investigadas pelas empresas de
seus Estados.
As supostas
frases do piloto
O presidente do Sindicato Nacional
dos Aeronautas, comandante Luiz Fernando Collares,
atribuiu nesta terça-feira a divulgação de trechos da
gravação da caixa preta do Fokker 100 da TAM a uma
suposta manobra para jogar toda a culpa pelo acidente nas
costas do piloto do jato, comandante José Antônio
Moreno. "De herói que salvou uma escola, como foi apresentado
inicialmente, Moreno está sendo transformado em vilão",
disse Collares.
A publicação da transcrição de
diálogos da tripulação do avião acidentado
surpreendeu o Sindicato dos Aeronautas, segundo seu
presidente, pelo fato de a revelação ter sido
atribuída ao Ministério da Aeronáutica. "Nós
cumprimos nossa palavra, pois prometemos não divulgar
dados que estão sendo analisados pela comissão de
investigação, mas representantes do governo e das
empresas não cumprem a sua parte", afirmou o comandante.
Collares disse que nem ele nem o
representante do sindicato na comissão, comandante José
Tarolco Corrêa Júnior, sabiam do conteúdo da
gravação da caixa preta. "Alguma coisa do que foi
publicado tem lógica, embora não faça sentido uma
frase como aquela em que o Moreno teria dito que estava
livrando a escola", observou Collares. A revelação
de trechos do conteúdo da gravação, acrescentou, teria
por objetivo insinuar que comandante do avião não foi
capaz de detectar a pane ou fez manobras erradas.
Collares informou que espera
receber na quarta-feira um relatório da International
Federation of Airlines Pilots Associations (Ifalpa) sobre
casos de acidentes em jatos Fokker 100 provocados por
defeitos nas turbinas. O relatório deveria ter chegado
hoje, mas a Ifalpa pediu prazo de 48 horas para fazer um
levantamento completo de todos os registros que constam
de seus arquivos.
As causas
da queda
O mecânico Antônio de Souza
Bueno, funcionário da Líder Táxi Aéreo, confirmou
nesta terça-feira que o reverso da turbina direita do
Fokker 100 da TAM abriu quatro vezes antes de cair na
última quinta-feira a menos de dois quilômetros da
cabeceira da pista do Aeroporto de Congonhas. Bueno disse
que o primeiro defeito ocorreu no mesmo instante em que
os pneus do trem de pouso deslocaram-se da pista. "O
piloto não tinha mais condições de abortar a
decolagem", afirmou o mecânico. Parado em frente ao
hangar onde trabalha, ele assistiu o tentar decolar e
depois espatifar-se sobre as casas da Rua Luís Orsini de
Castro, no Jardim Oriental.
Bueno contou ter visto com clareza
a aeronave adernar para a direita logo depois da abertura
do reverso. O delegado Romeu Tuma Júnior afirmou que,
por ter conhecimentos técnicos sobre a mecânica de
aviação e presenciar a queda do Fokker, o mecânico é
até agora a testemunha ocular mais importante para que a
polícia esclareça as causas e os possíveis responsáveis
pelo acidente. Segundo ele, os indícios de que foi mesmo
uma falha no reverso da turbina que provocou a queda são
cada vez mais fortes. Mas ele aguarda o depoimento de outras
testemunhas para tentar identificar se houve negligência na
manutenção da aeronave.
Delegado recua
de acusação sobre cocaína
A professora Valdeci Medrado, tia
de Maria
Silvonete de Lima - uma das
vítimas do acidente no vôo da TAM -, disse nesta terça que
o delegado da Polícia Federal Romeu Tuma Júnior pediu desculpas
à sua família e à de Mauro Rodrigues de Mattos, morto também no acidente, por relacionar
as vítimas à cocaína encontrada no local do desastre.
O delegado deu declarações
públicas no dia seguinte ao acidente incriminando Mattos
pelo tráfico dos quatro quilos de cocaína achados entre
os destroços. Mauro e Maria viviam juntos há oito
meses.
Segundo Medrado, parentes das duas
famílias procuraram o delegado, que os teria recebido em
seu apartamento na noite de 1º de novembro. "Ele
admitiu que não tinha provas para acusar Mauro",
afirmou ela. Medrado afirmou que o delegado disse que, a
partir de agora, só vai divulgar fatos concretos sobre o
caso.
Exonerado em 26 de setembro último
da função de oficial de Justiça do Fórum de Mirassol
d'Oeste (a 320 km de Cuiabá), Mattos havia sido
condenado em 1993 a doze anos de prisão por tráfico de
drogas. Segundo Medrado, a família Mattos investiu
"tudo o que pôde" na recuperação dele.
"Agora, o delegado vai ter de provar que os
esforços foram em vão", disse.
Com informações de Agência
Folha e AJB
Informações na
Internet
- TAM - Site oficial da empresa
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