O Instituto Alok e o Pacto Global da ONU no Brasil lançaram um fundo filantrópico para apoiar o uso de tecnologia para o bem-estar e o fortalecimento da identidade indígena. O anúncio foi feito durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16 de setembro, em Nova York, quando Alok participou de um painel sobre como a indústria do entretenimento pode apoiar povos originários.
O Fundo Ancestrais do Futuro pretende financiar produção de cinema, música, games e web3 protagonizada por indígenas. Empresas, ONGs e indivíduos podem doar pela plataforma ancestraisdofuturo.fund.
"Falam que o indígena, quando usa o rap, ele perdeu sua cultura. E, quando a gente mostra a nossa cultura, falam que o indígena é selvagem", diz Owerá MC, artista que esteve com Alok na ONU e que participa de um álbum a ser lançado globalmente no próximo ano.
Desde 2020, quando criou o Instituto Alok, o DJ brasileiro reservou R$ 27 milhões para ações socioculturais em pilares como empreendedorismo, gastronomia social e desenvolvimento humano, além de projetos com povos indígenas.
"Desde que tive contato com a cultura dos povos originários, entendi a importância da preservação e disseminação de seus conhecimentos e de desconstruirmos conceitos, crenças e narrativas que contaminam a visão que adultos e jovens do meu país, e de todo o mundo, têm sobre os indígenas", diz Alok.
A parceria com o Pacto Global se dá na perspectiva de chamar o setor privado à ação. "Vivemos na era do capitalismo de stakeholders, em que não é mais possível separar valores de uma empresa do valor de mercado", afirma Carlo Pereira, CEO do Pacto Global no Brasil.
Além do debate, em que participaram convidados como Samela Sateré-Mawé (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Carlos Nobre (USP), Carolina Pasquali (Greenpeace Brasil) e Patricia Ellen (Systemiq e Aya Initiative), Alok gravou uma performance no alto do edifício da ONU com os artistas Mapu Huni Kuî, Owerá MC e Grupo Yawanawa.
Os bastidores e o processo criativo foram filmados pela Maria Farinha Filmes, como parte de um documentário que investiga a potência do encontro entre o músico e os povos originários.
"O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta e co-criar soluções juntos com essas vozes", diz Alok.
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