MPB e poesia de protesto marcam celebração do Empreendedor Social 2022

Atrações artísticas da premiação, os músicos Criolo e Assucena e o poeta Lucas Afonso emocionaram a plateia que lotou o Teatro Porto Seguro na segunda (19)

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São Paulo

O rapper Criolo encerrou o ciclo de homenagens aos 16 brasileiros e brasileiras que chegaram à final do Prêmio Empreendedor Social neste ano. O show intimista, na noite de segunda-feira (19), caiu como um afago depois de um dia intenso, que começou com almoço oferecido aos finalistas.

"Eu sei o quanto um projeto social faz diferença na vida de uma pessoa porque fui beneficiado por um, tocado pela minha mãe [a poeta, professora e filósofa Maria Vilani Gomes], uma guerreira que peitou o mundo para dar acesso à educação e tecnologia", diz Criolo, que se apresentou sentado, como numa mesa de bar, ao lado de um saxofonista e um trompetista.

Criolo faz show intimista na cerimônia do Prêmio Empreendedor Social 2022, que aconteceu no Teatro Porto Seguro - Rubens Cavallari/Folhapress

"Tive esse espelho dentro de casa e poder cantar para pessoas que destinam sua vida a impactar a vida de outras e a lutar por questões humanitárias é uma emoção", completou o músico.

A noite contou ainda com outro show, da cantora Assucena, primeira trans indicada ao Grammy Latino com "As Baías". Ela honrou Luiz Melodia, ao interpretar com emoção o hit "Pérola Negra", no palco. A também MC da noite, ao lado da atriz Suzana Pires, destacou a atuação dos finalistas.

"Estamos em um evento que dá visibilidade a quem impacta mesmo a vida das pessoas e hoje a gente pôs uma lente de aumento nessas ações", diz ela.

A mistura de ritmos embalou a plateia que lotou o Teatro Porto Seguro, no centro de São Paulo, formada por empreendedores sociais, empresários, fomentadores do ecossistema de impacto e entusiastas das mais diversas causas, entre eles Neca Setúbal (Fundação Tide Setubal), Luciana Temer (Instituto Liberta), Rafael Lucchesi (Senai), Marcivan Menezes (Cufa) e Caetano Scannavino (Projeto Saúde & Alegria).

"Com tanta liderança no mesmo espaço, temos força para mudar o país", disse a atriz Suzana Pires, que fez um duo bem sintonizado com Assucena no palco, esbanjando humor. A atriz foi jurada do concurso, tendo como referência seu trabalho como empreendedora social.

"A função do empreendedor social é ser ponte entre o recurso e quem está na ponta, o beneficiário, e estou feliz de estar aqui hoje como artista e articuladora", afirma ela, que fundou o Instituto Dona de Si para fortalecer lideranças femininas.

A dupla, à vontade no palco, chamou os 12 documentários, assinados por Renato Stockler e gravados em locais como Pantanal, Amazônia e Complexo do Alemão (RJ), e na sequência os finalistas, que subiram ao palco para pegar seus certificados. Os vencedores voltavam à cena para arrematar os troféus em cada uma das quatro categorias.

Cantar para pessoas que lutam por questões humanitárias é uma emoção

Criolo

sobre show no Empreendedor Social

Mariano Cenamo, do Idesam, fez discurso emocionado em que homenageou sua mãe; Priscila Cruz, do Todos Pela Educação, lembrou da promessa de fechar a ONG em 2023 e da necessidade de seguir lutando pela educação pública.

Luana Génot, do ID_BR, pediu que a plateia repetisse "eu digo sim à igualdade racial", pelo qual foi prontamente atendida; e Antonio Pita e Carlos Humberto, da Diaspora.Black, trouxeram a equipe ao palco e reforçaram a necessidade de contar a história dos negros.

Gabriel Marmentini, da Politize!, resgatou a importância da formação política e do protagonismo dos jovens; enquanto Carolina Videira, da Turma do Jiló, lembrou que a sociedade precisa se preparar melhor para incluir todas as pessoas.

Finalistas que venceram nas categorias Inovação em Meio Ambiente, Destaques na Pandemia, Direitos Humanos, Soluções Comunitárias e Escolha do Leitor, respectivamente.

A cantora Assucena e a atriz e ativista Suzana Pires apresentaram a cerimônia do Empreendedor Social 2022 - Rubens Cavallari/Folhapress

"Esses empreendedores trabalham causas urgentes, que precisam ser discutidas por toda a sociedade", disse Assucena. "Que elas possam contribuir para garantir que qualquer pessoa possa ocupar qualquer lugar e que possam ter a oportunidade de fazer isso, como também extirpar a discriminação e o racismo."

E Lucas Afonso, vestido com camisa da seleção brasileira, encampou a missão de levar poesia ao palco. "Vou usar esse espaço para trazer um recado do pessoal da quebrada, um pouco da minha verdade e da minha caminhada na pandemia", disse ele enquanto se preparava.

Ele conta que foi desafiado a criar poesias para apresentar as categorias Destaques na Pandemia e Soluções Comunitárias. "São pessoas que fizeram acontecer, olharam para o lado com senso de comunidade em um momento histórico."

O poeta da quebrada Lucas Afonso relembrou dores da pandemia e homenageou os empreendedores sociais - Rubens Cavallari/Folhapress

Esforço que foi compensado com aplausos enérgicos que o MC da zona leste da capital paulista recebia a cada intervenção no palco.

Como essa primeira: "Não era gripezinha nem resfriado, me doeu não poder ir no enterro do meu aliado. Tem um Brasil que se afoga e outro brinca no jet ski, tem quem ri. Meu respeito a cada pessoa que puxa o bonde, que na hora do problema não se escora, não se esconde. Linha de frente, pensando possibilidade, gente que sente, dá pra fazer melhor de verdade."

Eram quase 23h quando a cortina se fechou e mais uma edição do Empreendedor Social, a 18ª, se cumpriu.

No foyer do teatro, o coquetel oferecido em parceria com a importadora Casa Flora e vinhos de João Portugal Ramos foi uma última chance de cumprimentar os finalistas, que na manhã seguinte partiriam para mais uma jornada de impacto social.

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