Publicação internacional estreia no Brasil com estudo sobre periferia

Stanford Social Innovation Review Brasil, lançada nesta semana no país, promove diálogo entre academia e conhecimento prático

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São Paulo

Na primeira edição da revista SSIR Brasil (Stanford Social Innovation Review Brasil), lançada na última semana em São Paulo, um artigo destaca as principais dificuldades que 101 empreendedores sociais da periferia enfrentam em comparação àqueles de classes mais altas.

A pesquisa foi feita por grupo liderado por Edgard Barki, professor do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV (FGVcenn).

O retrato das desigualdades territoriais foi discutido no evento de lançamento da SSIR Brasil, que contou com acadêmicos, empresários, empreendedores sociais, filantropos e membros do terceiro setor.

Edgard Barki (FGVcenn) e DJ Bola (A Banca e Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia)
Edgard Barki (FGVcenn) e DJ Bola (A Banca e Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia) - Divulgação

"O capital inicial de quem começa [um negócio social] na base da pirâmide é 37 vezes menor do que aquele de alguém da classe média alta", disse Edgard Barki.

"Quando se fala de empreendedorismo social, o que vemos é que grande parte dos negócios são iniciativas de homens brancos de classe alta tentando resolver problemas da base da pirâmide."

Para DJ Bola, fundador da A Banca e da Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia (Anip) que também compôs a mesa de debates, seria preciso encontrar caminhos para conectar as iniciativas de impacto da periferia com possibilidades de financiamento e aumentar sua visibilidade.

"Esse talvez seja um dos nossos maiores questionamentos: Se der errado, o que vamos fazer? Com a pandemia, muitos desses empreendedores viram seu negócio parar do dia para a noite porque de certa forma não eram essenciais. [Na periferia] nós não podemos errar", afirmou DJ Bola.

Publicada há quase 20 anos pelo Stanford Center on Philanthropy and Civil Society, da Universidade de Stanford, a SSIR Brasil se consolidou como espaço de inspiração, conhecimento e de troca entre líderes e agentes de transformação social, terceiro setor, pesquisadores, empreendedores sociais e cidadãos engajados.

No ar desde fevereiro, a plataforma tem diversos textos de referência traduzidos da versão norte-americana, e planeja abrir cada vez mais espaço para artigos brasileiros.

Além da revista digital trimestral, a plataforma publica novos artigos semanalmente e newsletters quinzenais. Conteúdos em outros formatos, como podcast, vídeos e webinars, também estarão disponíveis.

"Nosso objetivo é ser uma plataforma que aproxime a comunidade acadêmica e profissionais do terceiro setor, do investimento social privado, dos movimentos sociais e do público mais amplo interessado em inovação social no Brasil", disse Ana Claudia Ferrari, editora-chefe da SSIR Brasil.

Outras mesas também reuniram parceiros da iniciativa, como Guilherme Coelho, diretor da Samambaia Filantropias, José Luiz Egydio Setúbal, presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Patrícia Marino, presidente da Humanitas360, Ricardo Marino, vice-presidente da Humanitas360 e chairman do Itaú Latam, e Richard Sippli, diretor de operações do Movimento Bem Maior.

Eles destacaram o papel da SSIR Brasil como referência para iniciativas sociais e para dar visibilidade internacional a casos brasileiros de sucesso.

"Espero que o terceiro setor, através da plataforma, possa aproximar mais a sociedade civil da esfera governamental, e criar uma relação mais responsiva dos governos para com os cidadãos", disse Guilherme Coelho.

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