Curso treinará moradores de São Sebastião para lidar com desastres naturais

Oferecido por ONG que foi epicentro da tragédia no litoral paulista, treinamento inclui prevenção e resgate primário em soterramentos e alagamentos

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São Paulo (SP)

Um curso para lidar com desastres naturais será oferecido gratuitamente aos moradores de São Sebastião (SP) na próxima semana. Promovido pelo Instituto Verdescola, ONG que atuou no acolhimento de vítimas das chuvas em fevereiro, será focado nos primeiros socorros em caso de novas enchentes e deslizamentos.

O treinamento, de nível básico, ensinará desde resgatar pessoas soterradas até retirar vítimas debaixo de uma laje. Os interessados aprenderão a agir em situações climáticas extremas, que incluem prevenção e resgate primário em soterramentos, desabamentos, inundações e alagamentos.

Curso da ONG Humus em parceria com Instituto Verdescola ensina moradores a lidar com desastres naturais em São Sebastião (SP)
Curso da ONG Humus em parceria com Instituto Verdescola ensina moradores a lidar com desastres naturais em São Sebastião (SP) - Divulgação

Oferecido em parceria com a Humus, ONG especializada em resgates e situações de emergência, o curso "Agente Capaz" não substitui a atuação de autoridades como Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.

"O que a gente quer é capacitar as pessoas para que sejam multiplicadores e possam elevar o conhecimento das pessoas em área de risco. Como muitas delas não podem sair dessas áreas, queremos que, pelo menos, elas saibam o que fazer quando o pior ocorrer", afirma Leo Farah, co-fundador da Humus.

O curso é direcionado a moradores, comerciantes, professores, motoristas, líderes comunitários e outros interessados que estejam em áreas de risco de desastre relacionado a um evento natural extremo, como as tempestades.

Serão cinco dias de treinamento, de 2 a 6 de maio, no ginásio do Instituto Verdescola, com duração de oito horas, em dois períodos, com aulas teóricas e práticas. As inscrições vão até esta sexta-feira (28) pelo telefone (12) 99646-9690.

Dois meses após a tragédia que assolou a região, mesmo com a interdição de casas e o deslocamento de famílias em áreas de risco, a probabilidade de novas enchentes e deslizamentos ainda preocupa autoridades e pessoas que vivem próximas a encostas e morros.

Segundo a Humus, o agente local —ou seja, a população— é responsável por mais de 50% dos resgates de pessoas com vida neste tipo de desastres e é importante capacitá-los para agir nesta situação.

Na madrugada em que os deslizamentos atingiram a Vila Sahy, o Instituto Verdescola foi epicentro da tragédia.

Nas primeiras 24 horas, a sede da ONG, onde costumavam ser atendidos 1.000 jovens e crianças diariamente, virou centro de inteligência, base para resgate de vítimas dos deslizamentos, hospital de campanha, abrigo, base de bombeiros e centro de doações e de pets abandonados.

"A nossa atuação não poderia se restringir ao momento emergencial", afirma Maria Antonia Civita, fundadora do Instituto Verdescola.

"Traçamos um plano de recuperação da nossa comunidade e treinar os moradores para aprenderem a lidar em possíveis circunstâncias emergenciais é uma das medidas essenciais", completa.

A ação, segundo ela, é um marco na história da Vila Sahy. "Depois de tudo o que eles viveram, esse é um meio de trazer uma nova oportunidade aos moradores. Queremos que eles se sintam mais seguros, tenham o controle e possam agir antes que outro desastre aconteça".

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