Descrição de chapéu Causas do Ano internet

'Monitorar filhos na internet não é invadir privacidade, é protegê-los', diz pediatra

Para o pediatra Daniel Becker, pais devem sincronizar contas e supervisionar games para identificar predadores online

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Para proteger os filhos de violências e abusos sexuais, não é mais suficiente ficar de olho no que eles fazem na rua. Pais e mães devem, também, ficar atentos aos hábitos de crianças e adolescentes dentro de casa.

O alerta é feito pelo pediatra e sanitarista Daniel Becker, que lembra que a internet aumentou muito a possibilidade de acesso dos predadores sexuais às crianças. "O perigo agora está dentro de casa. Chega pelos chats de games, redes sociais e grupos na internet. Os pais e responsáveis precisam estar muito atentos", afirma.

Becker, que também é escritor e palestrante, conquistou mais de 800 mil seguidores em sua página no Instagram @pediatriaintegral, com posts que vão além das doenças pediátricas e abordam comportamento, proteção infantil e a relação das crianças com o meio ambiente.

Ele sugere que os pais façam sincronização de contas, estabeleçam acordos com seus filhos sobre o tempo de uso de telas e supervisionem os chats e as redes sociais acessados por eles.

Grupo de adolescentes usando celulares
Violência sexual online deve ser uma preocupação de pais de crianças e adolescentes - Yanlev/Adobe Stock

Para o pediatra, monitorar de perto as interações dos filhos com as telas não é invadir sua privacidade: "Não se trata de invasão de privacidade, é questão de segurança saber o que se passa quando seus filhos estão online. Os criminosos usam programas de inteligência artificial para enganar e manipular."

Além de estar atento às interações digitais dos filhos, os adultos devem prestar atenção ao comportamento deles, pois podem transmitir sinais indiretos de que passam por problemas. "Se a criança ficou retraída, mais medrosa, agressiva, se mudou hábitos ou está tendo problemas escolares, se fica nervosa diante de alguém que frequenta ou mora na casa, esses são alguns sinais de alerta", explica.

Segundo Becker, o abuso infantil é "uma das piores intercorrências na vida de um ser humano". "É extremamente lesivo para a estrutura psicológica de uma pessoa", afirma, acrescentando que quando um abuso é identificado é necessário que a criança comece a fazer terapia o mais rápido possível.

O pediatra Daniel Becker
O pediatra Daniel Becker, que discute proteção infantil e outros assuntos em sua página no Instagram - Divulgação

A SaferNet, organização que mantém um canal de denúncias de violações de crimes e direitos humanos na internet, registrou um aumento de 70% no número de notificações de imagens de abuso e exploração sexual infantil (a chamada "pornografia infantil") nos quatro primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Becker acredita que uma onda moralista vem reprimindo discussões sobre assuntos ligados à sexualidade e colabora para que boa parte das famílias não tratem do tema em casa. "Esse silenciamento é a pior opção possível".

Ele considera fundamental a existência de políticas públicas eficientes para conscientização das famílias sobre o abuso sexual infantil e sobre violência doméstica.

"Campanhas educativas são urgentes. Oferecer educação sexual nas escolas, criar programas de orientação e de acolhimento. É mais eficaz trabalhar preventivamente", diz.

COMO DENUNCIAR ABUSOS ONLINE

A organização SaferNet tem um canal de denúncias anônimas. Para registrar um caso, é preciso acessar denuncie.org.br, colar o link do endereço da internet que a pessoa acredita que deva ser investigado e seguir os passos indicados na plataforma.

DICAS DE SEGURANÇA PARA PAIS

  • Fale sobre segurança na internet com crianças de todas as idades quando elas se envolverem em atividades on-line
  • Avalie e aprove jogos e aplicativos antes de serem baixados
  • Acompanhe o que seu filho ou filha acessam na internet
  • Use ferramentas de controle parental oferecidas pelas plataformas e aplicativos que seus filhos acessam
  • Verifique se as configurações de privacidade estão definidas no nível mais alto para sistemas de jogos online e dispositivos eletrônicos
  • Estabeleça regras sobre o uso da internet e mantenha os dispositivos eletrônicos em uma sala comum, aberta para todos da casa
  • Explique que as imagens postadas online estarão permanentemente na internet

  • A velha regra ‘não fale com estranhos’ também serve para a comunicação virtual

  • O Instagram tem um guia para pais, disponível neste link


Fontes: Childhood Brasil e SaferNet

A causa 'Da Repressão à Prevenção da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes' tem o apoio do Instituto Liberta, parceiro da plataforma Social+.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.