Descrição de chapéu indígenas Chuvas no Sul

Indígenas afetados pelas enchentes no RS enfrentam escassez de alimentos; saiba como ajudar

Funai deve entregar 500 cestas de alimentos até o fim da semana; 30.000 indígenas foram atingidos pela tragédia

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São Paulo (SP)

Indígenas relatam dificuldades para conseguir alimentos e para deixar aldeias alagadas no Rio Grande do Sul (RS). Até o momento, as chuvas impactaram cerca de 9.000 famílias e 70% dos territórios indígenas do estado, de acordo com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

Ao menos três comunidades estão isoladas devido aos temporais, duas delas nos municípios de Barra do Ribeiro e Capivari do Sul, e uma em Porto Alegre, segundo mapeamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

"Nossa aldeia foi ilhada. Alagou tudo. A água cobriu até a estrada", conta Nilton de Oliveira, 52, liderança do povo Guarani Mbya, que vive a 5 km da Barra do Ribeiro. A comunidade, composta por cinco famílias, tem um estoque reduzido de comida.

Barco com voluntários em meio a enchente
Voluntários levam assistência à comunidade Guarani Mbya, em Porto Alegre - Divulgação/Cimi

Antes que a enchente avançasse sobre sua casa de madeira, Nilton providenciou a ida dos três filhos e da mãe idosa para uma aldeia em outra região. Ele, porém, preferiu continuar na comunidade de origem, na casa de um tio.

"Tivemos medo de sair daqui e roubarem tudo o que temos. Tenho minha criação de galinhas, meus cachorros. Não quis deixar isso para trás", diz.

Vitor Mariano, da aldeia Guarani Ka'a Mirindy, na região rural do município de Camaquã, também relata dificuldade para conseguir comida. A comunidade de 55 pessoas, cuja base do sustento são o artesanato e a produção de erva-mate, recorre ao comércio local para se alimentar.

"Agora está tudo em falta no mercado", relata a liderança guarani Victor Mariano. "Chegamos a receber cestas básicas para dez famílias, mas somos 14".

Os povos mais afetados são os Guarani, Charrua, Kaingang e Xokleng, espalhados por quase 50 municípios gaúchos, segundo a Funai. O órgão indigenista informa, ainda, que iniciou a entrega das primeiras 500 cestas de alimentos disponibilizadas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) na terça-feira (14).

Até agora, foram atendidos os povos Kaingang e Charrua, em Porto Alegre. As entregas de cestas básicas ocorrerão a cada quinze dias. Haverá, ainda, doações de água potável, agasalhos e itens de higiene.

Outra medida da Funai é elaborar um plano para a reconstrução de casas e estradas de acesso às aldeias e a recuperação de áreas de plantio.

A Conab e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome devem enviar um total de 52 mil cestas básicas às vítimas das chuvas no estado. Inicialmente, será priorizado o abastecimento dos abrigos.

Organizações indigenistas também estão realizando campanhas de arrecadação de alimentos e de outros itens. A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul, por exemplo, arrecadou mais de R$ 300 mil em doações em parceria com o Cimi.

O valor será destinado à compra de cestas básicas, materiais de higiene, lonas, cobertores, e materiais para a reconstrução de moradias e estruturas das comunidades indígenas que foram danificadas.

"Estamos recebendo cestas básicas e alimentos que compõem a cesta nutricional, como feijão, batata e tomates, e seguimos recolhendo donativos de roupas, cobertores e colchões", explica Roberto Liebgott, missionário do Cimi Regional Sul.

Como ajudar

É possível enviar doações em dinheiro para a conta bancária criada por Cimi, Arpinsul e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) para arrecadar recursos para as famílias indígenas.

Chave Pix

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Dados bancários

Banco do Brasil

Agência: 0321-2

Conta Corrente 128891-1

Cimi Regional Sul

Ponto de coleta

O ponto de coleta da Cimi em Porto Alegre fica na Paróquia Menino Jesus de Praga, na Rua Dr. Pitrez, 61, bairro Aberta dos Morros, e funciona das 8h às 12h e das 14h às 18h.

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