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13/02/2007 - 08h28

Adolescente suspeito de matar menino acobertou irmão, diz mãe

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TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio

A mãe de dois dos cinco presos acusados pela morte do garoto João Hélio Fernandes Vieites --Carlos Eduardo Toledo de Lima, 23, e um adolescente de 16 anos-- afirmou que o mais jovem contou a ela que assumiu o crime a pedido do irmão mais velho, já que, por ser menor de 18 anos, ficaria preso apenas "uns dois meses".

O adolescente estudou até a sexta série e Carlos Eduardo, até a quinta. Segundo a polícia, o jovem assumiu o crime, mas depois voltou atrás.

"Preferia estar no lugar dessa mãe e ter meus filhos mortos e enterrados [a vê-los presos acusados de crime tão bárbaro]", disse a evangélica e técnica de enfermagem de 43 anos, que prefere ser identificada apenas como Maria. "Não criei monstros, sempre os criei dentro da igreja", disse. Ela tem outros três filhos, dois meninos (12 e 17) e uma menina (14). Moram numa casa no morro São José da Pedra.

Na sala, além de vários adesivos com inscrições como "Deus é fiel", há fotos dos cinco filhos e dezenas de medalhas do marido, que é maratonista e também evangélico, Nilson Nonato da Silva, 43. Nilson é padrasto de Carlos Eduardo e pai do jovem de 16 anos.

Ela trabalha num hospital na zona sul e pediu para não ter o nome revelado para não sofrer retaliações. Afirmou que está sofrendo muito, chorou em diversos momentos da entrevista e contou que, de sexta--feira até ontem de manhã, emendou plantões extras para não ter que voltar para casa. Na hora do crime, Maria e o marido estavam em um culto evangélico, na Gávea (zona sul).

"Toda hora que eu fecho os olhos, vejo aquele carro arrastando aquela criança. Estou pedindo a Deus que me dê forças para ficar em pé", disse.

Apesar de o adolescente andar em "más companhias", é Carlos Eduardo quem tem histórico de problemas, conta a mãe. Fugiu de casa pela primeira vez aos dez anos e "virou menino de rua" até os 18, quando foi preso por roubar um celular. Dormia mais na rua do que em casa. "A gente buscava, trazia para casa e ele fugia de novo."

Foi Nilson quem levou Carlos Eduardo à delegacia, no último domingo. Carlos Eduardo diz que é inocente, mas é apontado pela polícia como o chefe do bando. "Para mim, foi como levá-lo a um matadouro", preocupa-se o padrasto que o criou desde os seis anos.

"Não temos certeza, não estamos aqui defendendo nenhum deles, mas queremos saber qual está falando a verdade. Acho que o Carlos Eduardo é mais capaz [de cometer esse crime]. É experiente, já ficou preso, sabe o que está atrás daquelas grades, da violência que há lá dentro. O mais novo não sabe o que iria sofrer ali dentro", diz a mãe.

A mãe não acredita que a redução da maioridade penal resolva o problema. "Se a Justiça fosse consertar meu filho, acho que ele podia ficar muitos anos preso. Mas ele é inexperiente. Quanto mais tempo ele passar lá, mais vai aprender coisas ruins. Eu sei porque foi assim com o Eduardo quando ficou preso quando era menor. Saiu pior do que entrou", disse.

Nilson, apesar de evangélico, acha que até a pena de morte vale, em crimes assim. "Tem que ter punição severa no Brasil, como nos Estados Unidos. Colocava na cadeira elétrica e pronto, acaba com isso. Fez uma vez, não fará mais." Ele pediu desculpas à família de João. "Estou sofrendo junto com eles, gostaria de poder abraçá-los e chorar junto com eles."

Advogados

Nenhum dos cinco presos tem advogado. De acordo com a polícia, os dois homens que acompanharam Tiago Abreu Matos, 19, quando ele se apresentou abandonaram o caso.
O delegado Hércules Nascimento disse que os presos não precisam ser assistidos no depoimento porque "podem se reservar o direito de ficar calados e o advogado não pode se manifestar nesse momento".

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