Home
 Tempo Real
 Coluna GD
 Só Nosso
 Asneiras e Equívocos 
 Imprescindível
 Urbanidade
 Palavr@ do Leitor
 Aprendiz
 
 Quem Somos
 Expediente
  

Dia 29.08.02

A música que virou biblioteca

Incomodado com a distância existente entre os livros e os jovens da Cidade Tiradentes, bairro onde mora, o rapper Adalberto da Silva, conhecido como Betinho, resolveu lançar uma música exótica se levados em conta os padrões locais, intitulada "Vamos Ler um Livro". Não podia imaginar que a música fosse acabar virando uma biblioteca.

"Procure se informar/ Não seja o mestre da burrice/ São tantos que falam merda/ Isso enjoa é um tomento/ Procure ler um livro/ Pois é a máquina do tempo." Tocada nos shows de rap, a música até que pegou, mas Betinho percebeu o erro: "Estávamos cobrando leitura de quem dificilmente consegue ir a uma biblioteca", constatou.

Nascido na Paraíba e criado na periferia de Recife (veio a São Paulo quando era adolescente), Betinho e seus parceiros do grupo Mucambo aproveitaram os shows e pediram doações para a construção de uma biblioteca comunitária. "Começou meio na brincadeira".

Conseguiram recursos para inaugurar, neste ano, a biblioteca comunitária Solano Trindade (o nome é uma homenagem ao poeta negro pernambucano), que será administrada pelos próprios moradores. No primeiro mês, 300 jovens se cadastraram; agora, já são mais de 700. Sempre que possível misturam-se ali literatura e música. "É preciso estudar muito um assunto para compor um rap, não dá para falar qualquer coisa".

A primeira dessas misturas Betinho fez quando chegou a São Paulo, apaixonado apenas por maracatu, frevo e baião. Logo se encantou com as batidas do movimento hip hop. "Descobri muita semelhança entre a musicalidade do rap e o repente nordestino".

Um sonho musical está em discussão entre os frequentadores da biblioteca: a criação de um selo cooperativo para lançar talentos jovens da periferia. Talvez esse sonho saia do papel mais cedo do que Betinho imagina: a rádio Brasil 2000 decidiu, na semana passada, que parte do faturamento da emissora será destinada a uma incubadora de talentos musicais, especialmente da periferia.

 

 
                                               Subir    
   ANTERIORES
c
  Museu da antidecoração
  Escola da vida
  O poeta da motocicleta
  O rabino e as prostitutas judias
  O palácio de Genoíno
  Vivendo na própria pintura
  Jardim dos gays
  O jardim dos sonhos de Cafu
  Das prostitutas aos arquitetos
  Capital do skate
  E o rap virou escola
  O baú de histórias da dona Neusa
  Oficina do tempo
  Trilha de Esmeralda
  Grafiteiros entram na USP
  Calçada democrática
  Criança Cor
  Sonhos de vidro
  Cidade de cão
  Policiais de bicicleta