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30/10/2006
-
18h16
da Folha Online
A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Mas algumas declarações de petistas sobre um "eventual fim da era Palocci", feitas no domingo em meio à festa da vitória, foi a desculpa para motivar um dia um tanto tenso, com bolsa em baixa e dólar em alta, já embalado pelo pessimismo vindo de Wall Street quanto ao futuro da economia norte-americana.
Agora, o mercado aguarda ansiosamente os nomes que farão parte da nova administração, como o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central, o secretário do Tesouro Nacional.
As pesquisas já indicavam que Lula venceria o pleito por larga margem. Mas, mesmo que tivesse havido uma mudança no cenário, em pouco isso afetaria o mercado, porque os dois candidatos que disputavam o segundo turno tinham propostas muito parecidas para a área econômica. "O mercado está sempre do lado de quem ganha", resumiu um operador de mercado que prefere não se identificar.
As declarações de ministros de que haverá uma redução da ortodoxia que marcou os primeiros quatro anos da gestão petista chegaram a preocupar algumas pessoas no mercado. O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) afirmou que a "era Palocci" acabou. Guido Mantega (Fazenda) disse que a política monetária será menos rigorosa.
"Acho que essas coisas são ditas para acalmar os companheiros de partido. É claro que, se o controle fiscal for afrouxado, o mercado não vai gostar. Mas creio que isso é altamente improvável, eles não vão estragar tudo o que já construíram", disse Expedito Araújo, operador da corretora Alpes. Vários analistas compartilharam dessa opinião, considerando ser muito pouco provável mudanças mais profundas na estrutura atual.
Para Araújo, se o clima interno continuar tranqüilo e a economia americana de fato desacelerar suavemente, com queda da inflação, a Bovespa tem condições para buscar os 42 mil pontos até o final do ano.
Wall Street
Pela manhã, a Bolsa de Nova York chegou ao patamar mínimo de 12.049,92 pontos. No final da tarde, reduziu o ritmo de queda --às 17h49 recuava 0,08%, para 12.080,17 pontos--, mas a Bovespa não conseguiu acompanhar: fechou em baixa de 1,09%, aos 38.900 pontos, com giro de R$ 1,866 bilhão. O movimento abaixo da média das últimas sessões mostra a cautela dos investidores em uma semana encurtada pelo feriado de Finados, na quinta-feira.
A queda de mais de 3% do petróleo hoje --o barril está perto dos US$ 58-- derrubou as ações da Petrobras. Como elas estão entre as mais negociadas do pregão, isso também ajuda a explicar o recuo da Bolsa brasileira. Os papéis PN da petrolífera perderam 1,3%, a R$ 42,50, e os ordinários recuaram 1,86%, a R$ 46,80.
O dólar comercial subiu 0,6%, vendido a R$ 2,15, enquanto o risco-país teve alta de 0,93%, aos 217 pontos. O paralelo ficou estável a R$ 2,35 e o turismo também se manteve em R$ 2,25.
Os rumos da economia dos Estados Unidos continuam no centro das atenções, ditando a tendência do mercado. Hoje saíram os dados sobre gastos do consumidor americano: eles cresceram 0,1% em setembro, a menor taxa desde novembro do ano passado, segundo o Departamento do Comércio informou nesta segunda-feira. A renda subiu 0,5%.
Os investidores também discutiram os comentários do presidente da divisão regional de Richmond do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), Jeffrey Lacker. Ele disse que, em uma perspectiva de longo prazo, o núcleo da inflação está inaceitavelmente alto e a economia ainda pode suportar mais algumas elevações juros. Lacker foi o único membro do comitê de política monetária do Fed a pedir por um aumento da taxa básica nas suas últimas três reuniões enquanto os outros votavam pela pausa.
Para os economistas, a atividade americana ainda mostra fôlego, mas os preços preocupam. Fica mais difícil prever, dessa forma, qual a trajetória da taxa de juros.
Especial
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Mercado recebe bem reeleição, mas aguarda nomes da equipe econômica
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A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Mas algumas declarações de petistas sobre um "eventual fim da era Palocci", feitas no domingo em meio à festa da vitória, foi a desculpa para motivar um dia um tanto tenso, com bolsa em baixa e dólar em alta, já embalado pelo pessimismo vindo de Wall Street quanto ao futuro da economia norte-americana.
Agora, o mercado aguarda ansiosamente os nomes que farão parte da nova administração, como o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central, o secretário do Tesouro Nacional.
As pesquisas já indicavam que Lula venceria o pleito por larga margem. Mas, mesmo que tivesse havido uma mudança no cenário, em pouco isso afetaria o mercado, porque os dois candidatos que disputavam o segundo turno tinham propostas muito parecidas para a área econômica. "O mercado está sempre do lado de quem ganha", resumiu um operador de mercado que prefere não se identificar.
As declarações de ministros de que haverá uma redução da ortodoxia que marcou os primeiros quatro anos da gestão petista chegaram a preocupar algumas pessoas no mercado. O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) afirmou que a "era Palocci" acabou. Guido Mantega (Fazenda) disse que a política monetária será menos rigorosa.
"Acho que essas coisas são ditas para acalmar os companheiros de partido. É claro que, se o controle fiscal for afrouxado, o mercado não vai gostar. Mas creio que isso é altamente improvável, eles não vão estragar tudo o que já construíram", disse Expedito Araújo, operador da corretora Alpes. Vários analistas compartilharam dessa opinião, considerando ser muito pouco provável mudanças mais profundas na estrutura atual.
Para Araújo, se o clima interno continuar tranqüilo e a economia americana de fato desacelerar suavemente, com queda da inflação, a Bovespa tem condições para buscar os 42 mil pontos até o final do ano.
Wall Street
Pela manhã, a Bolsa de Nova York chegou ao patamar mínimo de 12.049,92 pontos. No final da tarde, reduziu o ritmo de queda --às 17h49 recuava 0,08%, para 12.080,17 pontos--, mas a Bovespa não conseguiu acompanhar: fechou em baixa de 1,09%, aos 38.900 pontos, com giro de R$ 1,866 bilhão. O movimento abaixo da média das últimas sessões mostra a cautela dos investidores em uma semana encurtada pelo feriado de Finados, na quinta-feira.
A queda de mais de 3% do petróleo hoje --o barril está perto dos US$ 58-- derrubou as ações da Petrobras. Como elas estão entre as mais negociadas do pregão, isso também ajuda a explicar o recuo da Bolsa brasileira. Os papéis PN da petrolífera perderam 1,3%, a R$ 42,50, e os ordinários recuaram 1,86%, a R$ 46,80.
O dólar comercial subiu 0,6%, vendido a R$ 2,15, enquanto o risco-país teve alta de 0,93%, aos 217 pontos. O paralelo ficou estável a R$ 2,35 e o turismo também se manteve em R$ 2,25.
Os rumos da economia dos Estados Unidos continuam no centro das atenções, ditando a tendência do mercado. Hoje saíram os dados sobre gastos do consumidor americano: eles cresceram 0,1% em setembro, a menor taxa desde novembro do ano passado, segundo o Departamento do Comércio informou nesta segunda-feira. A renda subiu 0,5%.
Os investidores também discutiram os comentários do presidente da divisão regional de Richmond do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), Jeffrey Lacker. Ele disse que, em uma perspectiva de longo prazo, o núcleo da inflação está inaceitavelmente alto e a economia ainda pode suportar mais algumas elevações juros. Lacker foi o único membro do comitê de política monetária do Fed a pedir por um aumento da taxa básica nas suas últimas três reuniões enquanto os outros votavam pela pausa.
Para os economistas, a atividade americana ainda mostra fôlego, mas os preços preocupam. Fica mais difícil prever, dessa forma, qual a trajetória da taxa de juros.
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