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PIRITUBA
Região
tem taxa de 1.362 habitantes para cada leito hospitalar disponível para
internação em instituições públicas
Morador é o que mais
reclama do serviço de saúde
Matuiti
Mayezo/Folha Imagem
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José
Sacramento e a filha Caroline no posto de saúde de Perus |
DA
REPORTAGEM LOCAL
Caroline, 4, teve de passar por três hospitais para os pais dela escobrirem,
dez dias depois da primeira consulta, que ela estava com pneumonia e precisava
ficar internada e tomar medicamentos.
Desde abril, Luís, 47, já passou por três coletas de sangue em um centro
de saúde para saber como está seu diabetes. Apesar disso, ainda não conseguiu
o resultado do exame de glicemia.
Os exames não foram encontrados pelos funcionários quando Luís foi buscá-los.
Em setembro, pela terceira vez, ele vai tentar conseguir o resultado do
exame.
Luciana só soube que o filho Kauã, 7 meses, estava bem depois de enfrentar
uma “maratona” para conseguir uma consulta no único posto de saúde do
bairro.
Caroline, Luís e Kauã moram na região de Pirituba (zona noroeste), onde
10% dos moradores apontam a saúde como um problema da área em que vivem,
segundo a pesquisa Datafolha.
É o maior índice de reclamação do setor entre as regiões pesquisadas e
o segundo em Pirituba.
Na área de Pirituba, como nas outras regiões da cidade, a falta de segurança
é o principal problema para a maioria dos moradores.
A região tem 120 leitos para internação em um hospital do Sistema Integrado
Municipal de Saúde e outros 192 em uma unidade do Estado, em Taipas_ média
de 1.362 habitantes por leito.
Em Pirituba, a situação da saúde aflige tanto os moradores que a maioria
(44%, também o maior índice) defende prioridade para o setor na próxima
gestão.
“Na placa, estava escrito pronto-socorro. Mas, depois de sermos atendidos,
vimos que não há pronto-socorro nenhum”, diz o vigilante José Silva Sacramento,
34, pai de Caroline.
Foi em um desses prontos-socorros que começou a via-crúcis para descobrir
a razão da febre, tosse e dor no corpo de Caroline.
Primeiro, a família foi ao Pronto-Socorro Municipal de Perus. Por causa
da tosse, os pais questionaram se não era preciso fazer uma radiografia
do tórax da menina. O exame não foi feito, mas, de uma outra análise,
surgiu um diagnóstico: infecção urinária.
Após os remédios para tratar o problema, a febre de Caroline não diminuiu
e ela foi parar em outro médico, dessa vez no hospital municipal de Pirituba.
Lá, após uma viagem de 40 minutos em ônibus, um outro médico pediu que
uma radiografia do tórax de Caroline fosse feita. Para fazer o exame,
a família teve de ir a um hospital da rede estadual em Taipas, que fica
a meia hora de ônibus de onde estavam.
A radiografia foi analisada por um médico que não viu problema nenhum
em Caroline, segundo o pai dela. Na dúvida sobre a avaliação, o vigilante
pegou o exame e, no mesmo dia, foi ao Pronto-Socorro de Perus, o primeiro
a atender a garota. Ele queria uma segunda opinião sobre a radiografia
e os sintomas da filha.
Caroline, dessa vez, teve diagnóstico de pneumonia, ficou internada e
tomava, até o início desta semana, antibióticos para tratar o problema
pulmonar.
No caso do aposentado Luís Adalberto Gonçalves Dias, o problema foi ir
ao mesmo lugar e presenciar a mesma cena.
Na UBS (Unidade Básica de Saúde) de Perus, dois exames de glicemia dele
desapareceram sem que ele soubesse o resultado. A terceira tentativa para
conseguir saber a quantas anda seu diabetes será no mês que vem. Se conseguir,
terá passado cinco meses desde a primeira coleta de sangue para o exame,
recomendado para diabéticos a cada três meses.
“O problema aqui é que tem muita gente para pouco posto”, diz Luciana
dos Santos Rocha, 23, mãe de Kauã. Ela levou quase um mês para conseguir
atendimento para o filho. Na semana passada, após a consulta, elogiou
o atendimento do médico.
Segundo Luciana, ele pediu que Kauã voltasse ao posto daqui a dois meses.
Ela tentou marcar a consulta e não conseguiu. “Vou ter de voltar aqui,
porque há um dia certo para o agendamento.”
O número de entrevistados que considera a saúde a área de melhor desempenho
da atual administração na região não atinge 1%.
(JOÃO CARLOS SILVA)
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