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‘‘Será que desta vez vocês, jornalistas embasbacados com o primeiro
mundo, irão colocar a seleção espanhola no seu devido lugar. Não
chega a Copa do Mundo. O futebol espanhol é do mesmo nível do Irã,
Arábia Saudita e de outras seleções desclassificadas na primeira
fase do Mundial. Sem dúvida o Barcelona e o Real Madrid são supertimes,
mas dependem exclusivamente de ‘‘estrangeiros’’. Os craques espanhóis
são piadas, muitos deles não aguentariam a segundona do Paulista.
O Luis Henrique (cantado em verso e prosa) seria reserva no ABC
de Natal, sem dúvida nenhuma. Simplesmente ridículo.’’ José
Renato de Campos Araújo
Se você está falando tão mal da Espanha porque ela perdeu na estréia
da Eurocopa para a Noruega, é bom repensar o poderio da seleção
brasileira, que perdeu nos últimos anos duas vezes do time norueguês
(e já levava desvantagem no retrospecto contra a seleção da Noruega
anteriormente). Longe de ‘‘endeusar’’ a seleção espanhola, a equipe
de Camacho conseguiu uma sequência de bons resultados (estava invicta
havia vários meses) e possui uma boa geração de jogadores (os espanhóis
ganharam a Olimpíada em 1992 e venceram muitos torneios juvenis
e juniores recentemente). Real Madrid e Barcelona devem muito aos
‘‘estrangeiros’’, mas a seleção espanhola é mesmo assim forte, bem
melhor que as equipes do Irã e da Arábia Saudita.
‘‘Gostaria de discutir uma mudança na regra do futebol que reverteria
duas tendências dos últimos tempos: a crescente dificuldade em se
marcar gols e a imprecisão das decisões dos árbitros. Minha proposta
é uma mudança simples na regra número 11 do futebol: eliminar o
impedimento. Não sei se isso já foi testado recentemente. Aguardo
comentários.’’ Cristiano de Lima, São Roque, São Paulo
Você não é o primeiro nem o segundo nem o terceiro leitor que me
pede para falar sobre o fim do impedimento no futebol. Já vou dizendo
que sou contra a mudança. Não gosto de alterações drásticas no esporte.
Acho que o futebol ficaria muito descaracterizado se não tivesse
impedimento. Sem essa regra, o jogo ficaria bem diferente, parecido
com o futebol society, futebol de cinco ou sei lá o quê. Os atacantes,
automaticamente, ficariam mais próximos do gol. Haveria muito mais
espaço para jogar e, consequentemente, sairiam muito mais gols.
Mas é isso que queremos mesmo? Jogos do tipo 10 a 9 ou 20 a 19?
Futebol não é handebol ou hóquei. A beleza de um gol está exatamente
no fato de ser difícil fazê-lo. O impedimento é mais um obstáculo
a ser vencido pelos ataques. Lamento que ocorram muitos erros de
arbitragem com o impedimento. Quem sabe o uso da tecnologia um dia
possibilite a redução desses erros, mas, sinceramente, gosto do
jogo como ele é, com o impedimento. Em todo caso, respeito sua opinião,
que é compartilhada por várias pessoas. Já foram feitos testes com
impedimento só a partir da grande área, mas não em torneios relevantes.
Essa é uma hipótese mais branda, que pode até ser testada. Mas abolir
o impedimento acabaria com qualquer comparação com os jogos do passado.
Perderíamos uma grande referência do ‘‘apaixonante’’ futebol.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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