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Domingo, 18 de junho de 2000

O COLUNISTA RESPONDE


Rodrigo Bueno
     



‘‘Será que desta vez vocês, jornalistas embasbacados com o primeiro mundo, irão colocar a seleção espanhola no seu devido lugar. Não chega a Copa do Mundo. O futebol espanhol é do mesmo nível do Irã, Arábia Saudita e de outras seleções desclassificadas na primeira fase do Mundial. Sem dúvida o Barcelona e o Real Madrid são supertimes, mas dependem exclusivamente de ‘‘estrangeiros’’. Os craques espanhóis são piadas, muitos deles não aguentariam a segundona do Paulista. O Luis Henrique (cantado em verso e prosa) seria reserva no ABC de Natal, sem dúvida nenhuma. Simplesmente ridículo.’’
José Renato de Campos Araújo

Se você está falando tão mal da Espanha porque ela perdeu na estréia da Eurocopa para a Noruega, é bom repensar o poderio da seleção brasileira, que perdeu nos últimos anos duas vezes do time norueguês (e já levava desvantagem no retrospecto contra a seleção da Noruega anteriormente). Longe de ‘‘endeusar’’ a seleção espanhola, a equipe de Camacho conseguiu uma sequência de bons resultados (estava invicta havia vários meses) e possui uma boa geração de jogadores (os espanhóis ganharam a Olimpíada em 1992 e venceram muitos torneios juvenis e juniores recentemente). Real Madrid e Barcelona devem muito aos ‘‘estrangeiros’’, mas a seleção espanhola é mesmo assim forte, bem melhor que as equipes do Irã e da Arábia Saudita.

‘‘Gostaria de discutir uma mudança na regra do futebol que reverteria duas tendências dos últimos tempos: a crescente dificuldade em se marcar gols e a imprecisão das decisões dos árbitros. Minha proposta é uma mudança simples na regra número 11 do futebol: eliminar o impedimento. Não sei se isso já foi testado recentemente. Aguardo comentários.’’ Cristiano de Lima, São Roque, São Paulo

Você não é o primeiro nem o segundo nem o terceiro leitor que me pede para falar sobre o fim do impedimento no futebol. Já vou dizendo que sou contra a mudança. Não gosto de alterações drásticas no esporte. Acho que o futebol ficaria muito descaracterizado se não tivesse impedimento. Sem essa regra, o jogo ficaria bem diferente, parecido com o futebol society, futebol de cinco ou sei lá o quê. Os atacantes, automaticamente, ficariam mais próximos do gol. Haveria muito mais espaço para jogar e, consequentemente, sairiam muito mais gols. Mas é isso que queremos mesmo? Jogos do tipo 10 a 9 ou 20 a 19? Futebol não é handebol ou hóquei. A beleza de um gol está exatamente no fato de ser difícil fazê-lo. O impedimento é mais um obstáculo a ser vencido pelos ataques. Lamento que ocorram muitos erros de arbitragem com o impedimento. Quem sabe o uso da tecnologia um dia possibilite a redução desses erros, mas, sinceramente, gosto do jogo como ele é, com o impedimento. Em todo caso, respeito sua opinião, que é compartilhada por várias pessoas. Já foram feitos testes com impedimento só a partir da grande área, mas não em torneios relevantes. Essa é uma hipótese mais branda, que pode até ser testada. Mas abolir o impedimento acabaria com qualquer comparação com os jogos do passado. Perderíamos uma grande referência do ‘‘apaixonante’’ futebol.

E-mail:
rbueno@folhasp.com.br



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