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Gustavo Kuerten


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Quarta-feira, 24 de maio de 2000

O melhor do mundo

Thales de Menezes
     
Diego Medina



Às vezes é difícil ter uma coluna semanal para escrever. O problema mais comum é encontrar o assunto quando não há boas notícias por aí.

Final de ano, com a paralisação dos torneios, a coisa piora. Mas agora o problema é outro. A dificuldade é achar o que comentar depois da vitória fácil diante de Magnus Norman, da semifinal tranquila com Pavel e da vitória muito suada na batalha contra Safin. O que mais pode ser dito sobre a semana de Gustavo Kuerten? Os adjetivos elogiosos são redundantes.

Uma vez perguntaram ao guitarrista Keith Richards se os Rolling Stones eram realmente a melhor banda de rock do mundo. Com anos de sabedoria roqueira regada a Jack Daniel’s, Richards respondeu: “Todas as noites, no palco de algum boteco do planeta, uma banda de rock é a melhor do mundo. Tudo depende do momento”.

Gustavo Kuerten é, no momento, o melhor tenista do mundo. Não interessa a pontuação do ranking. Quem viu os jogos das duas últimas semanas sabe que a verdade é incontestável. Ninguém está jogando como o brasileiro.

Ele é, agora, o tenista a ser batido. É o favorito de qualquer jogo que participe. O saibro ajuda? Ajuda, e muito. Mas o tênis, hoje, está na temporada de saibro. Não é justo diminuir os méritos de Kuerten por causa disso.

Agassi está contundido? Sim, mas na conquista do Aberto da Austrália, em janeiro, jogando na ponta dos cascos, Agassi não mostrou a mesma variação e consistência de Kuerten em Roma e Hamburgo.

O bicampeonato em Roland Garros virá? Sei lá, não dá para garantir nada. O certo é que Kuerten é o maior favorito para o segundo torneio do Grand Slam desta temporada. Está jogando mais do que Agassi, Norman, Kafelnikov, Sampras, Safin, Enqvist, Corretja, Hewitt... Ele pode até perder para um Zé Mané na primeira rodada francesa, é verdade, mas o que todos os fãs devem ter na cabeça é o momento histórico.

Nunca, no circuito profissional masculino, um brasileiro foi o franco favorito para um Grand Slam. Este é um novo marco para a carreira de Kuerten. Tão importante quanto ter ultrapassado a quantia de US$ 5 milhões em prêmios na semana passada.

Pela primeira vez, quem entende de tênis tem de apontar obrasileiro como o melhor. Não é mais questão de defender o ídolo, dar uma de patriota nem nada, é uma obviedade escancarada.

Além do talento inegável, Kuerten tem a seu favor um grande carisma. Nunca perde a simpatia. A cada dia, seu público cativo em outros países aumenta. Os outros tenistas já estão invejando a condição do brasileiro, que sempre parece jogar em casa.

Na França, palco de sua maior conquista, a coisa vai ferver. Jogando muito, e empurrado pela torcida, Gustavo Kuerten tem a munição necessária para um bicampeonato que o levaria ao topo da Corrida dos Campeões. E, definitivamente, ninguém está falando de sonhos impossíveis.



NOTAS

Uma bobagem
Este colunista já mostrou toda a aversão que sente pela Copa Davis, mas nada se compara em inutilidade no atual circuito masculino ao torneio caça-níqueis Copa das Nações, em disputa agora na Alemanha.

Os tenistas gostam porque serve de aquecimento para Roland Garros, mas é sempre difícil descobrir quem está jogando com todo o gás. Um treinamento com cobrança de ingresso, nada mais do que isso.


Serial killer
“Não adianta. Sempre vão falar mais dela do que falam de mim. Martina Hingis é a bonitinha, certo? Então preciso vencê-la em todos os lugares. Parece que preciso matá-la várias vezes para provar que eu estou viva.”

A amigável declaração foi dada pela norte-americana Lindsay Davenport, louca para vencer em Roland Garros.





E-mail: thalesmenezes@uol.com.br



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