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As
finais da NBA e as semifinais do Nacional masculino reabriram uma
discussão sobre o basquete, e todo o esporte, ao provar que
há futuro para a paixão, e espaço para o torcedor,
numa atividade que vem operando corações em ritmo
industrial.
Tanto a liga norte-americana como o campeonato brasileiro testemunharam
o sucesso inesperado de "times de comunidade", alheios
à ponta-de-lança da investida marqueteira que tomou
conta de campos, quadras e pistas na última década:
o Indiana Pacers e o Franca.
A "caipirês" do time de Indianápolis é
assumida, incensada e simbolizada no seu novo ginásio, o
Conseco Fieldhouse.
A arquitetura é retrô, inspirada nos "celeiros"
que abrigavam os jogos na década de 50.
Por fora, a arena parece uma caixa de sapatos, em tijolinhos aparentes.
Não há cúpulas, abóbodas, redomas. Nada
de vidros espelhados. Neon, nem pensar.
Dentro do Conseco Fieldhouse, estão todos os "confortos"
da era moderna: supertelões, cadeiras reclináveis,
camarotes privativos, lanchonetes, bares, lojas de suvenir, jogos
eletrônicos etc. Mas, ao contrário dos outros mamutes
recém-inaugurados na NBA, toda essa parafernália foi
disposta de modo a não ofuscar a principal atração
do ginásio: o jogo.
Ou seja, um cidadão pode sair para ver basquete e voltar
"ileso" para casa: sem manchas de mostarda, sem lembrancinhas
para as crianças, sem o saco cheio.
Tudo porque a arena foi construída tão somente para
o basquete. O espaço não será usado por times
de hóquei, shows de rock e leilões de cavalo _o que
ocorre no Staples Center, o novo ginásio do Los Angeles Lakers,
aliás o adversário do Indiana pelo título de
99/00 da NBA.
Por causa da "exclusividade", os arquitetos puderam erguer
um paredão de arquibancadas a partir da quadra, sem recuos,
como na "Bombonera" do futebol. No Conseco Fieldhouse,
há só dois anéis; todos enxergam bem. No elitista
Staples Center, são seis; quem fica no alto é trouxa.
Quer dizer que o Indiana deliberadamente resolveu queimar dinheiro?
Não. É preciso entender que Indianápolis é
uma cidade média, um pólo industrial modesto no "miolo"
dos EUA. Os Pacers não têm ambições hollywoodianas.
Trataram, sim, de contemplar a paixão histórica da
população pela bola laranja. E o time, duro na queda,
formado por veteranos desenganados, segurou as pontas e chegou à
primeira final da NBA em sua existência.
Com o Franca, também de uma cidade modesta, foi a mesma história.
A equipe perdeu seu núcleo para o Vasco (os melhores jogadores
e o técnico Hélio Rubens), mas desmentiu as previsões
catastrofistas _empurrado pelo engajamento da torcida e pela maturidade
de seus veteranos.
A "comunidade" já pode se considerar vitoriosa,
uma vez que ninguém imaginava que estendesse a briga pela
vaga na final até o quinto e último jogo do duelo
contra o Vasco (ah, o destino...). Assim como a engrossada do Indiana
diante dos Lakers já valeu a temporada, pois todos apostavam
originalmente na goleada californiana.
Até porque o desfecho dos filmes, quem ainda define é
Hollywood.
NOTAS
Caipira 1
Começou no Rio, sob o comando de Antonio Carlos Barbosa,
o treinamento com bola da seleção feminina que vai
a Sydney. Uma das apostas do técnico é a "ponte",
tradução divertida que ele fez para o "caipirês"
do "high-low", troca-troca de passes e posições
entre pivôs, um lance executado com perfeição
pela dupla Tim Duncan-David Robinson no San Antonio campeão
da NBA em 99.
Caipira 2
Apesar do fiasco no Nacional (9º entre 14 equipes), o Bauru
está renovando com o treinador Guerrinha e seus principais
jogadores para buscar o bicampeonato paulista.
Caipira 3
Karina deve trocar Campinas por Jundiaí, mas não descarta
pegar a ponte aérea para o Rio no segundo semestre, em uma
parceria com o Comary.
E-mail:
melk@uol.com.br
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