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04/08/2003
-
07h32
enviado especial da Folha de S.Paulo ao Pará
"A ilha é tudo para mim, é magia, poesia, meu mundo", diz a pajé cabocla marajoara Zeneida Lima, uma das personalidades mais conhecidas na ilha de Marajó, que preserva a cultura da pajelança e é considerada a maior ilha fluviomarinha do mundo, com 50 mil quilômetros quadrados.
A atmosfera mágica desse local, que foi habitado por índios desde cerca de 3.000 anos atrás, explicita-se não só por meio de lendas, de ritmos e de urnas funerárias de cerâmica (com até 250 metros de comprimento), mas também nos fenômenos geográficos.
De acordo com o ciclo das marés, rios e igarapés secam e enchem em um período de 13 horas, determinando a hora de ir e de vir do caboclo que tem no barco seu meio de transporte.
A ilha é banhada por dois gigantes: o rio Amazonas e o oceano Atlântico, que enfrentam uma eterna batalha, ora tornando as águas da baía do Marajó mais doces, ora mais salgadas.
Passeios por rios, igarapés e furos --atalhos nos rios--, que dão a sensação de atravessar uma pintura expressionista (leia abaixo), em meio a raízes contorcidas de mangueiros, colocam o turista em contato pleno com a natureza.
Praias de areia branca e de água morna emolduram a ilha e fazem um convite para momentos de total relaxamento.
Localizados na parte leste --onde predominam os campos e as savanas--, os municípios de Soure e Salvaterra, os maiores da ilha são os principais destinos. Eles têm a melhor infra-estrutura turística e apresentam diversidade de paisagens e de ecossistema.
Projetada por Aarão Reis, engenheiro e arquiteto paraense que bolou Belo Horizonte, a cidade de Soure tem ruas largas e numeradas e frondosas mangueiras.
Dizem que, se vista de cima, Soure parece um tabuleiro de xadrez. De Belém, capital do Estado, até Salvaterra são três horas de barco. De lá, uma balsa leva até Soure. As duas cidades são separadas pelo rio Paracauary.
Fazendas
Outro destaque em Marajó são as suas extensas fazendas, que no ano passado receberam impulso para acolher turistas, com a criação da Associação de Turismo Rural de Marajó (www.marajo.tur.br), incentivada pela Paratur, órgão de turismo do governo do Estado, e do Sebrae.
"O turista se hospeda na fazenda e participa de atividades do dia-a-dia do vaqueiro, aprende a ordenhar a búfala, montar em búfalo e em cavalo marajoara, pescar piranha e focar jacaré à noite", explica Ana Tereza Acatauassú Nunes, presidente da associação e proprietária da fazenda Sanjo, em Soure. A entidade conta com 11 associados, entre restaurantes, hotéis e fazendas.
As atividades ainda incluem passeios ecológicos que podem ser feitos a pé, a cavalo ou de barco. Neles o turista tem uma verdadeira aula sobre a geografia, o fenômeno das marés, os animais e as plantas da ilha.
Os búfalos são o símbolo máximo do local. Com cerca de 600 mil cabeças, Marajó tem um dos maiores rebanhos bufalinos do Brasil, superando, e muito, os 140 mil habitantes da ilha, espalhados em 13 municípios.
Esses animais estão em toda parte e são usados pela polícia montada local e para transportar cargas. A carne, com baixo teor de colesterol, também é muito utilizada na culinária, assim como o leite e o queijo da búfala. Aproveita-se também o couro do animal em curtumes da região para fabricar bolsas, sandálias, entre outras peças.
A ilha também guarda atrações históricas, como as ruínas de uma igreja na vila de Joanes, em Salvaterra, construída no século 17 por uma missão jesuítica, como explica o escritor José Varella, sobrinho de Dalcídio Jurandir (1909-1979), escritor modernista natural de Ponta de Pedras, em Marajó.
E, para entrar de vez no ritmo das águas, o turista pode arriscar os passos do carimbó, do lundu, do siriá, da dança do maçarico ou da dança do vaqueiro, sons contagiantes de Marajó.
Augusto Pinheiro viajou ao Pará a convite da Paratur
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AUGUSTO PINHEIROenviado especial da Folha de S.Paulo ao Pará
"A ilha é tudo para mim, é magia, poesia, meu mundo", diz a pajé cabocla marajoara Zeneida Lima, uma das personalidades mais conhecidas na ilha de Marajó, que preserva a cultura da pajelança e é considerada a maior ilha fluviomarinha do mundo, com 50 mil quilômetros quadrados.
A atmosfera mágica desse local, que foi habitado por índios desde cerca de 3.000 anos atrás, explicita-se não só por meio de lendas, de ritmos e de urnas funerárias de cerâmica (com até 250 metros de comprimento), mas também nos fenômenos geográficos.
João Ramid/Divulgação Paratur |
Coqueiros marcam paisagem da praia do Pesqueiro, a principal da ilha, pela qual circulam guarás, colhereiros, garças e biguás |
De acordo com o ciclo das marés, rios e igarapés secam e enchem em um período de 13 horas, determinando a hora de ir e de vir do caboclo que tem no barco seu meio de transporte.
A ilha é banhada por dois gigantes: o rio Amazonas e o oceano Atlântico, que enfrentam uma eterna batalha, ora tornando as águas da baía do Marajó mais doces, ora mais salgadas.
Passeios por rios, igarapés e furos --atalhos nos rios--, que dão a sensação de atravessar uma pintura expressionista (leia abaixo), em meio a raízes contorcidas de mangueiros, colocam o turista em contato pleno com a natureza.
Praias de areia branca e de água morna emolduram a ilha e fazem um convite para momentos de total relaxamento.
Localizados na parte leste --onde predominam os campos e as savanas--, os municípios de Soure e Salvaterra, os maiores da ilha são os principais destinos. Eles têm a melhor infra-estrutura turística e apresentam diversidade de paisagens e de ecossistema.
Projetada por Aarão Reis, engenheiro e arquiteto paraense que bolou Belo Horizonte, a cidade de Soure tem ruas largas e numeradas e frondosas mangueiras.
Dizem que, se vista de cima, Soure parece um tabuleiro de xadrez. De Belém, capital do Estado, até Salvaterra são três horas de barco. De lá, uma balsa leva até Soure. As duas cidades são separadas pelo rio Paracauary.
Fazendas
Outro destaque em Marajó são as suas extensas fazendas, que no ano passado receberam impulso para acolher turistas, com a criação da Associação de Turismo Rural de Marajó (www.marajo.tur.br), incentivada pela Paratur, órgão de turismo do governo do Estado, e do Sebrae.
"O turista se hospeda na fazenda e participa de atividades do dia-a-dia do vaqueiro, aprende a ordenhar a búfala, montar em búfalo e em cavalo marajoara, pescar piranha e focar jacaré à noite", explica Ana Tereza Acatauassú Nunes, presidente da associação e proprietária da fazenda Sanjo, em Soure. A entidade conta com 11 associados, entre restaurantes, hotéis e fazendas.
As atividades ainda incluem passeios ecológicos que podem ser feitos a pé, a cavalo ou de barco. Neles o turista tem uma verdadeira aula sobre a geografia, o fenômeno das marés, os animais e as plantas da ilha.
Os búfalos são o símbolo máximo do local. Com cerca de 600 mil cabeças, Marajó tem um dos maiores rebanhos bufalinos do Brasil, superando, e muito, os 140 mil habitantes da ilha, espalhados em 13 municípios.
Esses animais estão em toda parte e são usados pela polícia montada local e para transportar cargas. A carne, com baixo teor de colesterol, também é muito utilizada na culinária, assim como o leite e o queijo da búfala. Aproveita-se também o couro do animal em curtumes da região para fabricar bolsas, sandálias, entre outras peças.
A ilha também guarda atrações históricas, como as ruínas de uma igreja na vila de Joanes, em Salvaterra, construída no século 17 por uma missão jesuítica, como explica o escritor José Varella, sobrinho de Dalcídio Jurandir (1909-1979), escritor modernista natural de Ponta de Pedras, em Marajó.
E, para entrar de vez no ritmo das águas, o turista pode arriscar os passos do carimbó, do lundu, do siriá, da dança do maçarico ou da dança do vaqueiro, sons contagiantes de Marajó.
Augusto Pinheiro viajou ao Pará a convite da Paratur
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