Descrição de chapéu Primeiro Namoro

Como superar a vergonha de fazer coisas comuns na frente do namorado?

Ir ao banheiro, soltar pum e falar de menstruação pode ser tabu e causar constrangimento no início do relacionamento

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São Paulo

O primeiro namoro, principalmente durante a adolescência, pode vir acompanhado de dúvidas e inseguranças sobre como lidar com algumas situações novas. Uma delas é ter vergonha de ir ao banheiro na frente do parceiro, por exemplo.

A estudante de direito Maria Luiza Galati, de 19 anos, namora Pedro há mais de dois anos. Eles se conheceram no ensino médio por meio de amigos em comum. Hoje, ela diz não sentir mais nenhum tipo de vergonha de fazer qualquer coisa na frente dele ou mesmo de falar o que quer que seja. Mas nem sempre foi assim.

A imagem mostra um casal posando para a foto. O homem à esquerda tem cabelo castanho claro e uma barba curta, vestindo uma camisa vermelha. A mulher à direita tem cabelo longo e ondulado, usando um vestido azul escuro com bolinhas brancas. O fundo é de madeira clara.
Maria Luiza e Pedro já namoram há dois anos e quatro meses - Acervo pessoal

No início, ela conta que se preocupava de talvez não estar cheirando bem após um dia de escola ou de não deixá-lo saber quando ela estava menstruada. Mas, com o passar do tempo e o aumento da convivência, percebeu que tudo isso era inevitável e foi deixando de se importar.

A psicóloga Emily F. Monteiro, responsável técnica pela clínica Montesí, em São Paulo, afirma que sentir vergonha em relação a determinadas situações é natural, principalmente na adolescência. Nessa fase costumamos ter muito medo do julgamento e da reação do parceiro, coisas que estão totalmente fora do nosso controle.

Apesar de ser normal sentir alguma vergonha, ela pode se tornar um problema mais sério a depender da sua intensidade e do quanto ela dura. Nisso, pode até impactar a dinâmica saudável do relacionamento.

"O casal pode se privar de momentos engraçados e até de uma aproximação, que potencialmente criaria uma maior intimidade e confiança", afirma a psicóloga. "Permitir-se falar sobre isso e vivenciar esses momentos pode aproximar o casal muito mais do que afastar."

Depois de dois anos juntos, Maria Luiza e Pedro encaram essas situações de forma descontraída. "A gente sempre dá risada, tira sarro um do outro e leva na brincadeira.", conta a estudante.

Segundo Monteiro, o tempo é uma peça essencial, porque com ele ganhamos intimidade e, consequentemente, a naturalidade entre os parceiros aumenta e a vergonha diminui.

Essa pressão, é fato, tende a atingir garotos e garotas de diferentes maneiras, segundo a especialista. Das meninas é esperado que ajam de forma tida como mais educada ou delicada. Enquanto isso, os meninos podem adotar uma postura mais relaxada em relação a assuntos como falar sobre ir ao banheiro ou soltar pum.

Essa pressão maior nas garotas restringe ainda mais o comportamento e aumenta o tempo necessário para elas se soltarem no momento a dois. "É uma pressão mais externa da sociedade em geral, porque tudo que a gente aprende sobre romance é que a menina tem que ser aquela garota bonitinha, certinha."

Maria Luiza, apesar de não se sentir afetada por isso hoje, diz ver claramente essa distinção. "São coisas pequenas, mas que existem", diz.

Mas, para quem está passando por essa fase, a estudante dá uma dica. "Tem que entender que todo mundo faz essas coisas e não tem do que ter vergonha."

A imagem mostra um casal se olhando de perto, ambos usando máscaras faciais. O jovem à esquerda tem cabelo castanho claro e usa um moletom cinza com a palavra 'California' e uma ilustração colorida. A jovem à direita tem cabelo escuro e ondulado, e usa uma camiseta preta. Ao fundo, há uma janela com luz natural entrando
O casal se conheceu ainda na pandemia - Acervo pessoal

A psicóloga acrescenta que é preciso perceber o que influencia essas expectativas comportamentais e trabalhá-las para se sentir à vontade consigo mesmo.

Outra recomendação da especialista é não evitar aquilo que causa vergonha, para não intensificar o sentimento. Assim, mudando a forma que você percebe essas ações, aos poucos elas perdem a relevância.

"O que não pode é esses acontecimentos serem determinantes para o desenrolar da relação", diz Monteiro.

Nesses casos, destaca que o limite entre a vergonha e se sentir completamente à vontade deve se basear no respeito e na conversa entre o casal, estabelecendo limites no que ofende ou não cada um.

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