Chupão no pescoço: saiba como diminuir o roxo e por que pais podem ficar bravos

Compressa fria ou quente depende de há quanto tempo marca foi feita; tome cuidado com trends usando talheres na pele

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São Paulo

Tudo bem que cada um veste a roupa que bem entender, mas se alguém aparece de blusa de gola alta em pleno verão na escola todo mundo já começa a desconfiar: será que tem chupão nesse pescoço?

Entre os amigos, o máximo que acontece é uma zoeira sem fim, mas em casa, com os responsáveis, às vezes o negócio fica feio. Alguns pais e mães ficam bravos com os jovens que aparecem com o pescoço roxo, e no geral esse sentimento vem de uma constatação: nosso filho/filha já fica com outras pessoas.

Jovem com mordida de amor no pescoço, atrás um fundo cinza
Marca roxa no pescoço é como um símbolo da entrada na juventude - Pixel-Shot/Adobe Stock

"O chupão é a prova, é o carimbo de que o adolescente está vivendo um momento mais íntimo com alguém, está avançando na exploração da sua sexualidade, da construção dos relacionamentos, da intimidade com o outro ou com a outra. Acho que os pais ficam irritados, talvez, por perceber que os filhos estão dando um passo rumo à vida adulta e eles não têm mais controle", diz Jairo Bouer, médico e especialista em sexualidade de jovens.

Normalmente ele demora de três dias a duas semanas para sair

Patrícia Carla de Souza

dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein e da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Inclusive, pode ser que esses mesmos responsáveis tenham ficado com uma marca roxa tipo essa em algum momento da juventude. É que o chupão no pescoço é uma unanimidade entre as gerações, não saindo "de moda" nunca.

Para Jairo Bouer, é como se o chupão fosse um símbolo do desenvolvimento sexual e emocional das pessoas, e que mostra para os outros que limites estão sendo rompidos. Mas, paralelo a isso, também vale lembrar que estamos falando de um machucado, e essa parte merece atenção.

"O pescoço fica roxo porque a pele é muito vascularizada, ela tem inúmeros vasos diminutos e, quando uma pessoa dá um chupão, que seria uma sucção da pele ou às vezes até uma mordida, esses vasos se rompem e o sangue extravasa de dentro do vaso para dentro dos tecidos que compõem a pele", explica Patrícia Carla de Souza, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein e da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Em resumo, o chupão é um hematoma. A médica afirma que, na grande maioria das vezes, ele não faz mal, mas isso depende da força aplicada no chupão. "Pode ocorrer de lacerar a pele, ou até de inflamar ou infeccionar", diz.

"Existem casos anedóticos de que a pessoa teve até um quadro de um derrame causado por formação de coágulos nos grandes vasos que compõem o pescoço. Mas aí teria que ser, na verdade, não só um simples chupão, mas um caso de uma violência."

Para algumas pessoas o chupão e a mordidinha podem ser super excitantes, mas para outras pode ser a coisa mais broxante do mundo. Por isso é importante entender qual o limite do outro e o que dá prazer para os dois

Jairo Bouer

médico e especialista em sexualidade de jovens

E isso de o chupão ser também um ferimento pode ajudar a pensar sobre como cada um vem impondo limites. Jairo Bouer propõe, por exemplo, perguntas como "Será que eu queria ficar com o chupão?", "Será que eu não devia ter parado antes?", "Será que eu não devia ter falado ‘não’?".

A médica Patrícia afirma que o tempo que o chupão vai permanecer visível depende do tamanho do hematoma, da profundidade dele e de quanto sangue extravasou naquele local. "Mas normalmente ele demora de três dias a duas semanas para sair", diz.

A dermatologista recomenda que se faça compressas geladas no local —mas isso só quando o chupão acabou de acontecer, tipo quando se nota a marca no pescoço. O gelo diminui o extravasamento de sangue para a pele.

"Depois disso, quando ele já está estável, faça uma compressa morna, porque isso faz absorver mais rapidamente o sangue que foi extravasado na pele", explica.

E nada de cair nas trends de tutoriais da internet que sugerem massagear o local com uma colher, ou mesmo com um fouet (aquele batedor de claras em neve). Usar coisas inadequadas na pele pode até mesmo piorar o problema, machucando a superfície da pele onde se formou o hematoma.

"No momento de prazer, de excitação, as pessoas se liberam mais, têm menos controles, e podem avançar um pouco, às vezes, na intensidade ou na duração do estímulo. Isso acaba produzindo tanto o chupão quanto a mordidas em qualquer parte do corpo. E tem gente pra quem o estímulo doloroso leve pode ser excitante", diz Jairo Bouer.

"É muito importante tatear, entender com quem você está, descobrir como a pessoa é, o que ela curte, e construir esses estímulos aos poucos. Para algumas pessoas o chupão e a mordidinha podem ser super excitantes, mas para outras pode ser a coisa mais broxante do mundo. Por isso é importante entender qual o limite do outro e o que dá prazer para os dois."

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