Brasil já teve príncipe criança famoso como George, e que virou imperador aos 5 anos

Conheça a história de dom Pedro 2º, acompanhado como celebridade desde o nascimento feito o príncipe inglês, e coroado aos 14

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São Paulo

Neto da rainha da Inglaterra, que morreu há quase um ano, o príncipe George vai fazer 10 anos neste sábado (22). Sua vida vem sendo acompanhada por pessoas do mundo todo desde que ele nasceu, em parte porque ele um dia será rei, e em parte porque tanto em seu país quanto em outros lugares do mundo há pessoas que gostam de ler notícias sobre a família real britânica.

O Brasil é um destes países com muitos fãs de George e de seus parentes. Mas você sabia que nem seria preciso olhar para tão longe para conhecer a história de um príncipe criança? É que o Brasil teve dom Pedro 2º, uma celebridade nos moldes da sua época, os anos 1800 —ou seja, sem selfies nem redes sociais, mas ainda assim acompanhado por muita gente.

Retrato de dom Pedro 2º aos 12 anos, vestindo o uniforme imperial de gala, em 1838 - Wikimédia Commons

Pedro 2º tinha apenas 5 anos quando seu pai, o imperador dom Pedro 1º, abdicou do trono (renunciou por vontade própria) e foi embora do Brasil junto com a esposa, madrasta de dom Pedro 2º. Sua mãe, Maria Leopoldina, tinha morrido havia algum tempo no parto de um irmão de Pedro.

Dom Pedro 2º nasceu em 2 de dezembro de 1825 no Rio de Janeiro. Esse "dom" no seu nome significa "senhor" ou "lorde", e era assim que todo mundo o chamava. Ele era neto de dom João 6º, rei de Portugal, e sobrinho de Napoleão Bonaparte, líder militar francês.

Dom Pedro 2º retratado aos 10 meses de idade, em 1826 - Wikimédia Commons

"Esse príncipe ia ser o cara que ia mandar no país. Como ele era criança, precisava ter uma idade para assumir todo o poder, e até lá ele tinha que ser preparado", explica o historiador e professor Thiago Gomide, autor da página Tá na História.

E, não, não dá para uma criança pequena tomar conta de uma nação, antes que você pense que daria conta do recado. "Um imperador tem que dar ordens, discutir questões políticas e econômicas, fazer acordos etc", diz o professor.

Thiago conta que desde muito novo dom Pedro 2º aprendeu outros idiomas, já que ia ter que liderar um império e se relacionar com líderes do mundo inteiro. Ele estudava muito, e dizem que só sobravam duas horas por dia para brincar. "Uma curiosidade é que mesmo ele sendo o mais novo entre os filhos, suas irmãs mais velhas precisavam obedecê-lo", conta.

"E, na hora de dançar nas grandes festas, essas irmãs precisavam dançar com ele antes de dançar com qualquer outra pessoa. E ele era ruim de dança!", brinca.

O príncipe morava em uma enorme mansão chamada Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. "Tinha muitos quartos, várias salas, um jardim imenso onde ele podia correr e brincar. Lá aconteciam festas para pessoas muito ricas", diz Thiago.

Dom Pedro 2º era uma criança muito interessada em arte e cultura, lia muitos livros e sonhava com o dia em que poderia viajar bastante. Como qualquer criança, ele adorava ganhar presentes —e, sortudo, ele ganhava muitos, centenas deles, porque as pessoas queriam bajulá-lo, como hoje se faz com o príncipe George lá na Inglaterra.

Aos 14, ele foi formalmente declarado maior de idade (o que com as pessoas comuns só acontece aos 18), e então coroado e consagrado. Aos 18, virou marido da princesa Teresa Cristina, em um casamento arranjado como eram todos naquela época. "Quando ele vai conhecê-la pessoalmente, porque na época não tinha foto nem internet, ele não a acha bonita e vai se lamentar com Dadama, a camareira principal da família real", conta Thiago.

A princesa também não achou dom Pedro 2º um galã, mas os dois foram felizes juntos. "Todo mundo aplaudiu aquela criança que virou imperador, mas tinha quem não gostasse dele. Muitas pessoas queriam tirá-lo do poder", explica o professor.

"Depois de participar de uma festança, o Baile da Ilha Fiscal, ele sofre um golpe e, em 1889, tem que sair do Brasil porque os republicanos vão assumir o poder. Ele vai exilado para a Europa e morre em 1891, em um hotel em Paris, na França."

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