Duo Assad inicia turnê de 50 anos e toca novo disco
Premiados e morando fora do Brasil, irmãos são influência para atuais duplas de violões
Os irmãos do Duo Assad, que moram fora do Brasil desde os anos 1980, fazem show nesta quarta (8) em São Paulo. É a abertura de uma turnê que vai passar por mais 13 cidades no país, comemorando os 50 anos da dupla.
Eles começaram garotos, mesmo. Sérgio Assad tem 62 anos; Odair, 59. Mas a festa não é apenas pela longevidade. O Duo Assad, carregado de prêmios, incluindo Grammy Latino, praticamente definiu a cena que existe hoje de duplas de violonistas.
"A gente foi ficando e virando referência", conta Sérgio à Folha. "Os repertórios dos duos atuais passam por aquilo que a gente fez."
Nos anos 1970, havia uma barreira forte entre música erudita e popular. Vindo do choro, o duo não acreditava nisso e partiu na busca de uma música mais sofisticada
"Os grandes nomes brasileiros já olhavam para o popular, como Villa-Lobos. Fomos atrás de compositores 'em cima do muro'", brinca Sérgio. Assim, eles se aproximaram do repértório de nomes como Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti.
Segundo Sérgio, de popular, na verdade, não tinham nada. Era realmente música brasileira de alto nível.
Depois a dupla conseguiu trabalhar com o repertório do argentino Astor Piazzolla (1921-1992). "Na época, ninguém tocava Piazzolla ao violão. E começamos a nos encontrar com ele, o que nos abriu muitas portas", conta.
Na turnê que começa em São Paulo, eles vão tocar Gismonti, Hermeto e Piazzolla.
A primeira parte do show tenta fazer uma breve retrospectiva da carreira. Eles contemplam esses compositores e os espanhóis Isaac Albéniz (1860-1909) e Enrique Granados (1867-1916). "São autores que tocamos por 20, 30 anos", explica o violonista.
Na segunda parte a dupla mostra músicas do novo álbum, "O Clássico Violão Popular Brasileiro", de autores como Garoto (1915-1955), Baden Powell (1937-2000) e João Pernambuco (1883-1947).
Com Sérgio morando nos Estados Unidos, e Odair na Bélgica, eles precisam se reunir para cada trabalho.
"Para fazer um disco, nos trancamos por algumas semanas. Hoje em dia tudo sai rápido, a gente está careca de saber como o outro trabalha."
Eles vão dar master classes para estudantes selecionados nas cidades visitadas na turnê. "Eles pedem conselhos. E nós já estamos na idade de dar conselhos, né?"