Grupo mostra acrobacias em espetáculo interativo
Argentino Fuerza Bruta apresenta 'Wayra' a partir de amanhã em São Paulo
Show com fumaça e luzes em que público é tirado para dançar é para ser sentido, não entendido, diz diretor
Ao entrar no espaço em que é realizado o espetáculo "Wayra", do grupo argentino Fuerza Bruta, em um teatro em Nova York, um espectador desavisado pode ficar confuso. Não há cadeiras nem um palco aparente para onde direcionar o olhar. Tampouco há cenografia evidente.
A impressão que se tem é a de entrar numa casa noturna, com luzes coloridas e aquela fumaça um tanto incômoda característica das baladas dos anos 1990.
"Quando eu fui ver o espetáculo pela primeira vez, fiquei um pouco perdida ao entrar no espaço. Achei que as cortinas iam se abrir em algum momento, que apareceriam coisas atrás delas. Mas tudo acontece no espaço que você vê ao entrar", conta Kadhija Griffith, 26, uma das atrizes do espetáculo, que estreia em São Paulo nesta quinta-feira (9).
"Hoje dou risada disso. Porque a única coisa que as cortinas cobrem aqui são as paredes", afirma ela.
Ver "Wayra" buscando compreender o que se vê é um erro. O espetáculo, que mistura acrobacias ao estilo Cirque du Soleil com a interação do público --tirado para dançar pelo elenco ou convidado a se molhar em piscinas-- é para ser sentido, diz o diretor do Fuerza Bruta, Diqui James.
"Nós fazemos um espetáculo que é uma viagem emocional e física, não intelectual. Queremos ir mais rápido que o pensamento, que o espectador se emocione antes de pensar sobre o que queremos dizer. Ele fica envolto pelo show, todos os elementos são parte da ação, não há cenografia. E o ritmo é muito dinâmico, mais cinema do que teatro", afirma.
EM PÉ
O público fica de pé ao longo da apresentação, que dura cerca de uma hora, e pode se movimentar para ficar mais perto das encenações.
É possível ver, por exemplo, quatro atrizes mergulhando em uma piscina posicionada sobre as cabeças dos espectadores, ou atores voando pelos ares com a ajuda de uma máquina de vento --uma referência ao nome do espetáculo, "Wayra", algo como "a força do vento" na língua indígena quéchua.
O grupo, que já passou por diversos países, encenará o show no Brasil com um elenco argentino. Mas, segundo James, a ideia é incorporar brasileiros ao espetáculo mais para a frente.
Não é preciso, no entanto, se preocupar com o idioma: embalado pela trilha sonora escrita pelo argentino Gaby Kerpel, o espetáculo não tem diálogos ou falas.