O dia já vem raiando
É manhã neste começo de ano, e o que os brasileiros põem na mesa para o café? Chefs de vários Estados contam o que é típico em suas casas
Pingado. Pão na chapa. Eis uma dupla típica do café da manhã do paulistano.
Mas como é a primeira refeição em cada região do país, que distingue o Norte do Sul?
De acordo com o professor de cozinha brasileira do Senac Ricardo Frugoli, o regionalismo presente em cada cardápio depende da disponibilidade de ingredientes.
"No Norte, por exemplo, o caboclo consome a pupunha não só no café da manhã, mas também durante o dia. Quando acaba a disponibilidade, acaba o uso", conta.
Já o paranaense pode nunca ter ouvido falar no bacuri, fruto de polpa branca e sabor adocicado,usado em bolos e sucos, também do Norte. Mas certamente conhece o tucum, um coquinho de palmeira da mata atlântica que serve de base para sucos.
Mesmo com toda a variedade de alimentos, um deles é onipresente praticamente em todo o país --a mandioca, ou "rainha do Brasil", como definiu o historiador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986).
"É um alimento-base do brasileiro, ao lado do milho. O índio levou a mandioca da Amazônia para o restante do país, por isso o ingrediente se manifesta em diversos pratos", afirma Frugoli.
As receitas que marcam cada região ainda ganham influência dos variados imigrantes. Caso dos alemães, que levaram a cuca (espécie de pão doce) para o Sul, e dos escravos africanos, que introduziram o mungunzá (canjica) à mesa do brasileiro.
Os itens do café da manhã ainda têm forte relação com os hábitos cotidianos.
Para quem trabalha na roça, por exemplo, tomar um café reforçado ajuda a suportar o trabalho pesado. Por isso a presença constante de carnes de porco e de sol, feijão e embutidos, ovos e queijos nessas mesas.
Para retratar variados cafés da manhã, o "Comida" conversou com chefs das cinco regiões do país, que falaram de receitas e costumes de seus Estados.