Foco
Moradora de Itu aproveita chegada da chuva para fazer estoque de água
Nazaré da Silveira, 73, puxou uma cadeira e se sentou na garagem de casa nesta quarta (5) para assistir de camarote ao espetáculo da natureza. Era uma mera chuva.
A aposentada, porém, não se lembrava qual tinha sido a última vez que vira uma em Itu (a 101 km de São Paulo).
Na calçada da sua casa, Nazaré enfileirou três caixas de isopor (duas delas de 500 litros cada uma), quatro baldes e uma panela feijoada.
A água servirá para limpar a casa, lavar a louça e dar descargas. Vai ser bombeada até a caixa d'água, que há um mês não é abastecida.
Hoje, a quantidade que sai da torneira da casa de Nazaré é insuficiente para realizar todos os serviços domésticos.
Ex-funcionária de uma fábrica de cintos de segurança, de um mercado e de um barzinho, ela vive em uma casa com quarto, sala, cozinha e banheiro. É viúva há 28 anos.
Nos fundos de casa, em outros dois cômodos com banheiro, dá abrigo a dois filhos. Ao todo, teve nove.
Os que moram com Nazaré a auxiliam trazendo água da rua, já que ela tem problema de coluna. De poços artesianos dos sítios do filho e do cunhado vem a água que ela usa para beber e para cozinhar.
Ela diz já ter ficado sem água em anos anteriores, mas nada comparado ao que acontece agora. Na sua rua, os vizinhos também sofrem com a seca. Nenhum outro, porém, apelou para a chuva.
Enquanto a ajuda vier dos céus, ela promete continuar enfileirando os baldes na frente de casa. Até que a situação em Itu se normalize.