Disputa menor na Fuvest não reduz nota
Primeira fase do exame, que será aplicada no domingo, atraiu 17,5% menos inscritos que no vestibular anterior
Melhor preparação dos candidatos em cursos mais procurados mantém acirrada a corrida por vaga na USP
O vestibular da Fuvest, que ocorre no domingo (30), terá o menor número de candidatos dos últimos quatro anos. Mas a concorrência menor não indica que ficou mais fácil garantir uma vaga na USP.
A Folha analisou a evolução das notas de corte (pontuação mínima para classificação na segunda fase de acordo com o curso pretendido) nas provas mais recentes.
Os dados mostram que as notas exigidas dos candidatos em cada ano têm pouca relação com a variação da concorrência no exame.
A seleção do ano passado (edição 2014), por exemplo, teve um número recorde de inscritos: 172 mil candidatos.
A nota de corte, porém, caiu ou ficou a mesma em 79 das 110 carreiras em relação ao vestibular anterior, para entrada em 2013, que atraiu 160 mil estudantes.
Em medicina, houve aumento de 4% de inscritos na seleção para 2014. Já a pontuação mínima de classificação caiu de 73 para 70.
A explicação de especialistas é que a fórmula da nota está mais relacionada a outros dois fatores: o nível de preparo dos estudantes e o grau de dificuldade da prova.
"Se a proporção de alunos bem preparados aumentar, a disputa fica mais difícil, mesmo se o número de inscritos diminuir", afirma Nelio Bizzo, professor da Faculdade de Educação da USP.
Ex-membro do Conselho Curador da Fuvest, ele explica que a alteração no número de candidatos seria importante no caso de "uma disputa aleatória, como em uma loteria", mas não no vestibular.
Esse é também o entendimento da coordenadora do colégio e do cursinho Objetivo, Vera Lúcia Antunes.
Para ela, a redução do número de candidatos neste ano não deve influir no resultado.
"Os melhores candidatos, os alunos mais dedicados, que querem estar na USP, não são os que desistiram [de fazer o vestibular]", afirma.
Ela atribui redução da nota de corte em cursos concorridos, como medicina, à maior dificuldade da prova do ano passado --já que o preparo dos candidatos tende a ser sempre alto.
"Você não concorre com quem está tentando a sorte, mas com quem estudou."
Segundo o coordenador do Etapa, Edmilson Motta, não há grande oscilação nos pontos de cursos disputados. "A cada ano, há uma quantidade muito similar de alunos capazes de atingir aquela nota e, assim, acabam definindo as aprovações", diz.
PROVA
No domingo, os cerca de 142 mil candidatos --17,5% menos que no vestibular passado-- farão uma prova de múltipla escolha.
Eles terão cinco horas para resolver 90 questões.
O exame começa às 13h (os portões abrem às 12h30). Os locais de prova estão disponíveis em www.fuvest.br.