Viações dizem que falta de ônibus é culpa da prefeitura
Segundo auditoria, empresas não fazem 10,5% das viagens programadas
Sindicato afirma que índice é resultado do trânsito; secretário diz que vias exclusivas melhoram a fluidez
O sindicato que representa as empresas de ônibus (SPUrbanuss) culpa a Prefeitura de São Paulo pelo índice de 10,5% de viagens não realizadas, revelado por auditoria da Ernst & Young divulgada nesta quinta (4).
"De quem é a responsabilidade pelo trânsito, semáforos, pelas enchentes? Não é nossa", diz Francisco Christovam, presidente da entidade.
A auditoria foi contratada pela gestão Fernando Haddad (PT) por R$ 4 milhões com objetivo de abrir os dados do transporte público municipal em resposta aos protestos de junho de 2013.
Segundo Christovam, as empresas usam 100% da frota e só não realizam todas as viagens programadas devido aos congestionamentos.
"Quando pedimos para a SPTrans fazer uma reavaliação, ela não aprova porque isso significa aumentar a frota, porque representa aumento do custo do serviço", diz.
Christovam nega que as viações ganhem indevidamente R$ 31 milhões mensais ao deixar de realizar as partidas, como diz a auditoria.
Isso porque, como os pagamentos são calculados com base no número de passageiros, a economia ao descumprir viagens só ocorre com alguns insumos. "O veículo está comprado. O motorista está contratado. Só tem o óleo diesel e o pneu que não gastam se não dou a viagem."
O presidente da entidade afirmou também considerar correto as empresas não serem multadas por deixar de fazer viagens quando a causa é alheia à vontade delas.
Segundo a auditoria, na região da empresa Via Sul o índice de descumprimento de partidas (23%) é mais do que o dobro da média da cidade.
O possível ganho financeiro mensal indevido pode chegar a R$ 4,4 milhões, apontam os auditores. Procurada, a empresa não se pronunciou.
Segundo o sindicato, as viações estão analisando os dados da auditoria para tomar um posicionamento.
A prefeitura diz que a auditoria será usada para aprimorar a gestão do sistema.
Questionado sobre as interferências que retém os ônibus, o secretário Jilmar Tatto (Transportes) reconheceu o problema. "Tem acidente, tem manifestações, trânsito. A partir desse relatório, vamos fazer uma espécie de balanço do que precisa ser feito para criar mecanismos para que no futuro isso não aconteça", afirmou.
O secretário afirmou que faixas e corredores de ônibus minimizam as interferências.
Na semana que vem deve ser divulgado o relatório final da auditoria. Entre os dados esperados estão o índice de lucro das viações e outros indicadores financeiros que irão subsidiar a discussão sobre o valor da passagem.