Ex-monitor de escola é condenado por abuso
Decisão de juíza de Barueri teve como base relatos de alunas de três anos do colégio onde ex-funcionário atuava
Preso alega inocência e ainda pode recorrer; juíza pediu apuração sobre vazamento de informações do caso
A juíza Cyntia Straforini, da 1ª Vara Criminal de Barueri (SP), condenou a 13 anos e 4 meses de prisão o ex-funcionário de um colégio da cidade acusado de abusar de três crianças na escola.
Antônio Bosco de Assis, 44, está preso desde 8 de maio com base nos relatos das meninas, de três anos.
Ele alega inocência e ainda pode recorrer da decisão. Para a juíza, esse tipo de crime não costuma deixar outras provas além de relatos das vítimas, que não teriam razão para acusar um inocente.
Na sentença, a juíza ainda pede a abertura de um inquérito policial contra a advogada do réu, Anabella Marcantonatos, sob suspeita de ela ter fornecido à imprensa informações sobre o caso, que está em segredo de Justiça.
Procurada, a advogada disse que, por ora, não vai se manifestar sobre a sentença.
No processo, a advogada pedia à juíza que reabrisse a fase de instrução (diligências para coleta de provas), pois, conforme a Folha revelou em novembro, não havia nenhuma prova técnica que incriminasse Antônio --como imagens das câmeras da escola e laudo de médico perito.
A magistrada considerou o pedido impertinente, afirmando ter o dever de zelar pela celeridade do processo.
Além disso, segundo a juíza, analisar todas as câmeras da escola em todos os dias do ano seria impossível e interrogar as crianças novamente as faria reviver o trauma.
Segundo a sentença, não foi possível definir a data e o local exatos para o crime --o que contraria a denúncia do Ministério Público, feita em junho, que afirmava que o abuso ocorrera em 22 de abril no prédio da educação física do Mackenzie Tamboré.
Segundo o entendimento da magistrada, a materialidade do crime ficou comprovada pela consistência dos relatos das meninas, das babás e dos pais, pelo reconhecimento feito pelas crianças e por um laudo psicológico.
Feito por uma psicóloga do Imesc (Instituto de Medicina Social e de Criminologia), o laudo diz que as entrevistas com as meninas sugeriram "a hipótese da possibilidade da ocorrência" do abuso.
Segundo a defesa, o reconhecimento de Antônio pelas crianças "como sendo o tio malvado" ocorreu porque, dias antes, ele havia interpretado um garoto mau em uma peça apresentada aos alunos.
No entendimento da magistrada, porém, o conteúdo da peça em nada tinha a ver com os atos libidinosos descritos pelas crianças.
Em 18 de novembro, após reportagem da Folha, laudos dos exames médicos periciais feitos nas crianças em 1° de maio foram juntados ao processo. O perito não encontrou indícios de abuso nas alunas.
De acordo com a sentença da juíza, o resultado do laudo não é decisivo porque a manipulação dos genitais nem sempre deixa marcas.