Foco
Blocos temáticos ganham força na festa de rua do Rio
Demorou, mas uma hora Zeca Pagodinho abraçou a causa do bloco de Carnaval criado em sua homenagem, o Mulheres de Zeca.
"No começo, o Zeca ficou puto: 'A Dorina ficou louca!'", conta a cantora de samba Dorina, idealizadora do bloco fundado em 2013 e amiga de infância de Zeca.
"Fiquei, digamos, apreensivo'", diz o sambista. "Mas depois de falar com a Mônica [sua mulher], deixei rolar!"
O fenômeno dos blocos-homenagem não é novo --o Mulheres de Chico, que venera Chico Buarque, tem nove anos, por exemplo--, mas ganhou reforço neste Carnaval.
Entre os estreantes na folia, há ao menos dois que tocam o repertório de bandas: Brasília Amarela, que toca Mamonas Assassinas, e Enquanto Corria O Bloco, que relembra o disco "Acabou Chorare" (1972), dos Novos Baianos.
A nova safra vem na esteira do sucesso que blocos como o Toca Rauuul (Raul Seixas), Exalta Rei! (Roberto Carlos) e Sargento Pimenta (Beatles) vêm fazendo nos últimos carnavais --o último chega a levar 100 mil pessoas às ruas.
"O Carnaval de rua fica muito na marchinha. Blocos como o nosso dão uma cara nova", diz Bernardo Collet, 30, do Enquanto Corria o Bloco.
"Quase todo carioca gosta de Carnaval, mas nem todo mundo gosta de samba. Esses blocos diferentes preenchem essa lacuna", opina Renata Sauerbronn, 37, do Exalta Rei!.
Há também as fusões de gêneros. O estreante Cabloco Muderno mistura música nortista com samba carioca. "O Carnaval carioca já tem quase tudo, mas não havia nada que nos levasse ao Norte", diz o fundador, o paraense radicado no Rio Marco André.