'Vozes de socorro silenciaram em menos de 1 min'
"As vozes de dor e socorro silenciaram em menos de um minuto. Me restou sentar e ligar o celular para filmar o ônibus queimando. Ainda escuto o barulho da chuva caindo com as chamas ardendo", disse o sobrevivente William Lemos, 35, à Folha.
O limpador de ônibus estava indo trabalhar. "Quando vi o fogo, minha reação foi dar um soco na janela e chutar o vidro. Antes, tentei puxar uma mulher que pedia socorro, mas ela caiu. Pulei e outras três pessoas fizeram o mesmo e se salvaram."
Um quarto homem pulou outra janela, mas foi eletrocutado e morreu. "Esse outro cara quebrou outra janela, mas pulou para o lado do fio elétrico, que chicoteava o ar. Morreu na hora", diz William.
O frentista Joel Guimarães, 46, tentou retirar Luiz Cláudio da Silva Teles, 50.
"O calor era tão forte que parte da mochila derreteu e grudou nele. Ele ficou preso na janela, com metade do corpo para fora do ônibus. Enquanto eu tentava puxá-lo, meu amigo jogava o extintor para apagar as chamas. Mas os pneus começaram a estourar, estávamos descalços na água e tinha eletricidade. Não foi possível continuar."
Casado pela segunda vez, Luiz era pai de dois filhos. Desde que comprou um carro, não usava ônibus --mas escolheu o coletivo para evitar interdições do Carnaval.