Casos de dengue avançam, e SP já enfrenta situação de epidemia
Balanço aponta que Estado tem 585 registros por 100 mil habitantes; taxa acima de 300 é epidêmica
Situação, que também se repete neste ano em MS, GO e AC, já é pior do que em 2013, segundo governo paulista
O Estado de São Paulo ultrapassou a marca de casos de dengue neste ano suficiente para enquadrá-lo em uma situação de epidemia, conforme dados do Ministério da Saúde obtidos pela Folha.
Só nos três primeiros meses do ano, foram 258 mil registros --número sete vezes superior ao registrado em igual período do ano passado, quando houve 35 mil notificações da doença.
As informações atualizadas pelo ministério até 28 de março apontam ainda que, além de SP, ao menos outros três Estados já vivem uma epidemia de dengue: Mato Grosso do Sul, Goiás e Acre.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) adota essa classificação para lugares com mais de 300 casos da doença por 100 mil habitantes.
Pelo último balanço (início de março), São Paulo tinha 281 registros a cada 100 mil habitantes. Agora, a proporção atingiu 585. Nos demais Estados em epidemia, a taxa varia de 304 a 882,5. São Paulo, que também enfrentou uma epidemia de dengue há dois anos, concentra metade dos casos do país.
Segundo Marcos Boulos, infectologista da Controladoria do Controle de Doenças de São Paulo, ligada ao governo estadual, a epidemia de dengue neste ano "já é maior que em 2013". No Brasil inteiro, já são 460 mil casos neste ano, alta de 240% em relação ao mesmo período de 2014.
Ao todo, já foram registradas 132 mortes neste ano. Destas, 99 em São Paulo --que, no início do ano passado, somava 15 mortes.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, diz que os dados do país são "preocupantes", mas menores do que em 2013.
Ele não descarta, porém, uma nova epidemia nacional em decorrência da doença. "Não posso afirmar que não teremos. Seria precipitado."
Chioro aponta as mudanças climáticas, como a antecipação do período de chuvas em várias regiões, entre os motivos que levaram ao aumento da doença.
Outro fator, para ele, é a circulação do vírus em cidades que tinham registrado baixo número de casos em anos anteriores, fazendo com que os mosquitos transmissores da doença encontrassem uma população mais suscetível.
"Também nunca tivemos uma infestação de Aedes aegypti como agora", diz Boulos, para quem a quantidade de casos pode ser ainda maior, já que muitas pessoas não desenvolvem a doença apesar do contato com o vírus.
"Esses 300 mil casos podem ser 5 milhões", diz. Ele prevê um freio nos próximos meses, com a trégua das chuvas e porque as pessoas deixam de estar suscetíveis ao vírus.