Um terço dos pontos de wi-fi grátis em SP não tem sinalização
Cidade tem 120 locais com internet sem fio da prefeitura, mas em 42 deles não há placa que anuncie o serviço
Secretaria municipal reconhece o problema; em 30 endereços, não foi possível acesso ou houve lentidão na rede
O acesso grátis à rede sem fio de internet é prometido pela Prefeitura de São Paulo em 120 pontos da capital.
Mas, em pouco mais de um terço deles, como o vão-livre do Masp, há chances de o paulistano não descobrir a existência do serviço, que custa R$ 9,2 milhões por ano aos cofres públicos.
A Folha visitou, entre 29 de maio e 8 de junho, todos os locais atendidos pelo WiFi Livre SP, cujo objetivo é oferecer acesso gratuito à internet nos 96 distritos. Os pontos foram instalados entre janeiro de 2014 e abril deste ano.
O único ponto em que a reportagem não pôde testar o serviço foi no parque Orlando Villas-Boas, na zona oeste, fechado desde março.
Em 42 dos 119 pontos restantes não existe a plaquinha indicando a existência do sinal. Entre eles estão a praça da Sé e o parque da Luz, na região central, o Clube Tietê, na zona norte, o parque da Independência, na sul, e a praça do Pôr do Sol, na oeste.
"A questão das placas é real", reconhece o secretário municipal de Serviços, Simão Pedro. "No ano passado, fizemos uma licitação e acabou dando errado."
Uma nova empresa deve ser contratada no início desta semana, e a secretaria promete sinalizar as praças e parques até o mês que vem. A instalação custará R$ 13 mil.
TESTE
Além de procurar a placa do projeto, a reportagem tentou utilizar o serviço nos 119 pontos. A ideia era assistir a um vídeo de 30 segundos e acessar os sites da prefeitura, de uma rede social e da Folha. Tudo em até cinco minutos.
Na maioria dos pontos (89) foi possível navegar rapidamente. Em outros 18 havia lentidão e ao menos um site não carregou. E em 12 não foi possível conectar o celular à rede.
As queixas se repetem entre usuários. Na quarta (10), a professora de inglês Luisa Maria Granado, 22, usava a rede em frente ao Theatro Municipal, no centro. "Está demorando um pouco, mas está indo."
"Tem sinal, mas não conecta", reclamava o estudante Lucas Ramon, 19, na praça Roosevelt. "Talvez seja porque muitas pessoas estão usando ao mesmo tempo."
Em teste realizado pela Folha em junho de 2014, quando havia 18 pontos na capital, três não funcionaram.
"Às vezes, pode ter um obstáculo, como árvores, ou uma deficiência no equipamento, como queda de energia e oscilação na rede", diz o secretário Simão Pedro.
O serviço pode ficar fora do ar em até 29 horas do mês (4% do período), conforme as regras no contrato assinado pelas empresas responsáveis pelo serviço, a WCS e a Ziva.
Além disso, afirma a secretaria, podem ocorrer picos de acesso. Então, a velocidade cai pela metade, para 256 kbps efetivos.
Em março, a UFABC (Universidade Federal do ABC) publicou um relatório considerando "bem satisfatório" o acesso em 82 praças. Em parceria com a prefeitura, que fornece recursos para pesquisas, a instituição mantém um projeto para analisar a rede.
"Certamente, a qualidade técnica tem de ser melhorada e é preciso ampliar o número de lugares com acesso", diz o professor de políticas públicas Sérgio Amadeu, coordenador do projeto na UFABC.