Foco
Bar palco de chacina reabre vazio e com clima de medo
O bar de Juvenal de Sousa, 34, em Osasco, reabriu, mas segue vazio, assim como a antes movimentada rua Antônio Benedito Ferreira.
No último dia 13, estavam no bar oito das 18 pessoas que foram assassinadas em uma série de ataques na Grande São Paulo, em um intervalo de três horas.
Um dos mortos foi Thiago Sousa, 19, irmão de Juvenal.
"Preciso trabalhar, seguir minha vida", afirma o dono do estabelecimento, sobre a reabertura quase dez dias depois do crime.
A vida, porém, pode demorar a voltar ao normal. Na noite de sábado (22), seis pessoas bebiam no bar. "Fim de semana aqui era lotado. De 50 pessoas para mais", diz Jorge Paixão, 24, que frequenta o local há cinco anos.
Juvenal tem fechado o bar antes das 19h, por medo. Antes, ele conta, era comum encontrar o estabelecimento aberto até as 2h, pelo menos.
A dona de um comércio próximo, que não quis se identificar, tem feito o mesmo. Ela fechava a loja às 22h, agora não passa das 18h. "À noite não tem uma alma viva aqui. Todos têm medo."
Na tarde desta segunda (24), os amigos Cosme de Lima, 49, e Jair Dias, 66, bebiam por ali. "Todo mundo aqui está com o pé atrás", afirma Dias. "Só não pode ficar até muito tarde", diz Lima.
MARCA
Juvenal está reformando o bar. Vai aumentar os fundos e trocar parte dos azulejos externos. Em um deles, está a marca de duas balas, lembrança da chacina.
O dono de uma padaria próxima afirma que um cliente idoso não saiu de casa por uma semana. "Mas, aos poucos, as coisas estão voltando ao normal. Precisam voltar."
Os pais, piauienses, estão inconformados, conta. Apesar do crime, Juvenal não pensa em voltar para o Nordeste. "Vim para cá com 15 anos, minha vida é toda aqui. Não tenho o que fazer lá."