Edna Segalla Faggin (1927-2015)
Espalhou receitas pela Vila Mariana
"E essa comida nova de hoje? Aposto que você passou na dona Edna." A frase era comum entre os moradores da pequena rua Nakaya, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Hoje, as receitas de Edna Segalla Faggin estão espalhadas pela vizinhança.
Como a do "pão austríaco", pão doce de amendoim que ela sempre fazia no Natal; ou a do bolo de mel, que atraía as abelhas de toda a região para a cozinha de Edna.
Ter sempre um bolo em casa, aliás, era fundamental, ainda que dos mais simples.
Comer fora era dispensável. "Achava ruim a comida de qualquer restaurante. Tempero bom era o dela", lembra a filha Bárbara.
Além da cozinha, tinha boa mão também para as plantas. Cultivava samambaias, orquídeas e uma bela roseira admirada pela rua inteira.
Excelente costureira, fazia todo tipo de roupa para as filhas e os netos, além de ter atuado por mais de 25 anos no colégio Cristo Rei, costurando para famílias carentes.
Paulistana da Mooca e descendente de italianos, era filha de um operário que foi jogador de futebol –nos anos 30, Olivieri Segalla atuou no Juventus e no Corinthians.
Durante o breve período em que trabalhou no fórum, entregando documentos, foi fisgada por Ernesto, charmoso escrevente de tabelião.
Passou a se dedicar à família depois do casamento, em 1949. Ernesto a chamava de "italiana brava", já que Edna tinha gênio forte.
Morreu no dia 22, aos 87 anos, após falência de múltiplos órgãos. Viúva, deixa três filhas, dois netos e muitos aprendizes de cozinheiro pela Vila Mariana.