Estudante é baleado em assalto na USP
Aluno de letras foi abordado quando seguia em direção ao carro dentro do campus; três adolescentes foram detidos
Caso de violência ocorre em meio à negociação para novo modelo de segurança com PM na Cidade Universitária
Um estudante foi baleado nas costas durante tentativa de assalto dentro do campus da USP, no Butantã (zona oeste de São Paulo), por volta das 21h desta terça-feira (1º).
Aluno do quarto ano de letras, Alexandre Simão de Oliveira Cardoso, 28, que também é formado em direito, foi surpreendido por três rapazes perto do prédio da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas).
Ele passou por cirurgia à noite –seu estado de saúde era considerado estável.
O caso, que assustou frequentadores da USP e levou à suspensão de aulas, ocorre em meio às queixas sobre a criminalidade na Cidade Universitária e à negociação para implantar um novo modelo de segurança com a participação da PM dentro do campus (leia texto ao lado).
Dois jovens de 17 anos e um de 16 anos foram apreendidos suspeitos de participação no crime. Um deles carregava um revólver calibre 22.
O professor José Antonio Visintin, chefe de segurança da USP, disse que Cardoso foi surpreendido pelos três rapazes perto de um ponto de ônibus, enquanto se dirigia ao seu carro, estacionado.
Após ser baleado, Cardoso correu em direção ao prédio da FFLCH, onde foi socorrido.
"Estava na sala, ouvi um barulho de tiro e um cara gritando que tinha sido baleado", contou Gabriel Campos, 23, também aluno de letras.
MÃE
Familiares dos menores apreendidos, que moram na favela São Remo, ao lado da USP, disseram ter sido informados pela polícia de que um deles, de 17 anos, confessou ter atirado após a vítima reagir. Esse rapaz foi detido dentro de um ônibus e já tinha passagem anterior por assalto dentro do campus.
"Pensei que ele estava na escola, mas aí passou a hora de ele chegar e nada. Saí na rua pra ver e me falaram que ele tinha sido preso pela Rota", contou a mãe de um dos adolescentes apreendidos, de 16 anos, que está no 7º ano do ensino fundamental.
"Ainda não sei o que aconteceu. Só estou tentando me acostumar com essa vida que ele quer levar. Ele já ficou um ano e três meses na Fundação Casa por sequestro, saiu faz um mês por bom comportamento", afirmou ela, que estava na porta da delegacia.
HISTÓRICO
Em maio de 2011, o estudante Felipe Ramos de Paiva, 24, foi morto com um tiro na cabeça no estacionamento da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), ao lado de seu carro, após reagir a um assalto.
O caso também retomou a discussão sobre a presença ostensiva da PM no campus –que enfrenta a resistência de entidades estudantis.
Só entre janeiro a julho deste ano, a USP registrou 129 furtos, 33 roubos, dois sequestros e um estupro.
Visintin, chefe de segurança da USP, disse que guardas reconheceram um dos suspeitos apreendidos nesta terça por ter roubado um celular, há três meses, perto da ECA (Escola de Comunicação e Artes).
Mas ele discorda da avaliação de que é necessário ampliação do policiamento na USP. "Eu acho que a polícia já está fazendo o papel dela. Não tem necessidade." (JULIA BOARINI, ADRIANO QUEIROZ, ANDRÉ MONTEIRO E JULIANA GRAGNANI)